Resumo

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Literatura chicana e tradução : transbordamentos e aproximações à frontera

Thaís Ribeiro Bueno

Orientador(a): Maria Viviane do Amaral Veras

Doutorado em Linguística Aplicada - 2016

Nro. chamada: TESE DIGITAL - B862L


Resumo:

A literatura de fronteira, por se inscrever em um universo cultural desenvolvido a partir de um longo e contínuo processo de mestiçagem cultural, apresenta em seu bojo inúmeras questões e traços linguísticos que são do domínio do hibridismo linguístico. Mais especificamente, a literatura chicana aborda, entre outras, questões relacionadas à história e à cultura chicana, a partir de uma exploração de tensões políticas e sociais que emergem dos choques culturais na região da fronteira entre o México e os EUA. Nesse caso, nota-se o desenvolvimento de uma literatura cuja temática e cuja linguagem recorrem a um hibridismo estético que se manifesta na própria materialidade textual, entremeada pelo uso recorrente e intercambiado de diferentes idiomas como o inglês, o espanhol, e o nahuatl. Nesse contexto, o que fica evidente é uma concepção de língua que extrapola os limites tradicionais do idioma nacional, modelo concebido no século XIX e ainda em voga e dominante em muitos campos do conhecimento, como é o caso da tradução. Esta última, tradicionalmente, apoia-se em um modelo de transposição de informações, de uma língua-fonte para uma língua-alvo, que identifica os idiomas como blocos homogêneos, estanques e unificados. No entanto, o mito da cultura monolíngue, que tem sustentado tal modelo tradicional de tradução, cai por terra com as reconfigurações geopolíticas em operação desde o advento da globalização, que, por sua vez, põem em xeque o ideal “uma nação, uma bandeira, um idioma”. Nesta pesquisa, a literatura chicana é analisada como exemplo de manifestação cultural que desafia o tradicional modelo linguístico nacionalista e que constitui um obstáculo a projetos de tradução que seguem tal modelo. A partir de um olhar a momentos-chave da história e da cultura chicana, e tomando como ponto de partida a obra Borderlands/La Frontera – The New Mestiza, da feminista chicana Gloria Anzaldúa, propomos um exercício de reflexão acerca dos limites que textos como esse impõem às teorias de tradução, e nos perguntamos que tipo de tradutora/tradutor um texto como esse exige. Mais especificamente, propomos um entendimento de tradução enquanto lugar de re-leitura e re-escrita (e, por isso, de grande potencial para a ação política em prol de uma justiça social) para uma tentativa de articulação epistemológica entre os campos da literatura chicana e das teorias de tradução. Para tanto, nos apoiaremos na literatura desenvolvida nos mais diversos campos do saber, entre os quais a filosofia da linguagem, os estudos da tradução, os estudos chicanos, os estudos culturais e os estudos pós-coloniais.


Palavras-chave: Anzaldúa, Gloria. Borderlands = La Frontera - Crítica e interpretação; Literatura méxico-americana (Espanhol); Tradução e interpretação; Hibridismo; Miscigenação.

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