Resumo

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Entre a tradição e a tradução : representações sobre identidades e línguas da fronteira Brasil/Paraguai

Eli Gomes Castanho

Orientador(a): Terezinha de Jesus Machado Maher

Doutorado em Linguística Aplicada - 2016

Nro. chamada: TESE DIGITAL - C275e


Resumo:

O objetivo desta tese é apresentar e discutir algumas representações sobre identidades e línguas da fronteira do Brasil com o Paraguai. Para isso, selecionaram-se três estudantes brasileiros e três paraguaios, com os quais foram gravadas entrevistas semiestruturadas. Os estudantes são de universidades públicas de Ponta Porã, Mato Grosso do Sul, Brasil, e de Pedro Juan Caballero, Departamento de Amambai, Paraguai. Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo/interpretativista que parte da premissa de que, ao se enunciar sobre línguas e identidades, políticas linguísticas dos países em questão – bem como de outros agentes - são refletidas no interdiscurso dos sujeitos. Além das leituras sobre Políticas Linguísticas, recorreu-se, de modo interdisciplinar, às contribuições dos Estudos Culturais, no que diz respeito aos conceitos de representação e identidade; da Linguística Antropológica, especialmente o conceito de ideologia linguística e da Sociologia, no que se refere à noção de interculturalidade. A fim de apreender como tais conceitos tomam corpo na fala dos sujeitos entrevistados, utilizaram-se as seguintes categorias da Análise do Discurso: ethos discursivo, estereótipos e posicionamento Os resultados demostraram que as representações sobre as identidades brasileira e paraguaia se apoiam em estereótipos cristalizados na cultura local, sendo, por vezes, retomados eventos históricos, como a Guerra do Paraguai, a fim de defender uma imagem discursiva calcada no ressentimento do povo paraguaio. No que se refere ao modo como as línguas são representadas observou-se que o guarani é visto como símbolo nacional pelos paraguaios; entre os brasileiros, o guarani não tem o mesmo status, e é entendido, vez ou outra, como um dialeto. Acerca do espanhol, parece haver, entre os paraguaios, um conflito sobre os rótulos “espanhol” e “castelhano”, o que reproduz certo discurso centrado na diglossia entre a variante europeia e a variante latino-americana, entre o espanhol falado cotidianamente e o espanhol como língua a ser ensinada pela escola. Entre os brasileiros, o espanhol é visto como língua de prestígio por ser uma língua internacional e escolarizada. No que tange o português, os paraguaios a veem como uma língua importante, dadas as oportunidades de trabalho e de estudo em nível de pós-graduação, no Brasil, que o seu domínio propicia. De modo geral, as identidades e os posicionamentos sobre a língua transitam entre o discurso da Tradição, que retoma e endossa ideologias conservadoras, e o da Tradução, que reconhece a diversidade e o hibridismo como inerentes à constituição das identidades e das línguas. A expectativa da tese é provocar reflexão sobre a interculturalidade como constitutiva do espaço fronteiriço e contribuir para o fomento e implantação de políticas linguístico-educacionais que privilegiem o diálogo intercultural entre brasileiros e paraguaios, de modo que se possa reconhecer os ganhos éticos e estéticos decorrentes de um olhar positivo para a diversidade da fronteira.

Palavras-chave: Análise do discurso; Política linguística; Identidade cultural; Antropologia linguística; Representação (Linguística) - Estudos interculturais.

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