Resumo

Versão para impressão
Os discursos sobre Cuba : imprensa, vozes e memória (da atualização do modelo econômico à retomada das relações diplomáticas com os EUA: 2011/2015)

Amanda Barbosa Xavier Cotrim

Orientador(a): Maria das Graças Conde Caldas

Mestrado em Divulgação Científica e Cultural - 2016

Nro. chamada: TESE DIGITAL - C826d


Resumo:
Cuba, desde que realizou sua Revolução, em 1959, é alvo de críticas e controvérsias por parte da mídia brasileira e internacional. Em 2011, o País oficializou a atualização do seu modelo econômico durante o VI Congresso do Partido Comunista Cubano. Nesse contexto, a dissertação busca analisar, na perspectiva da Análise de Discurso materialista, como os jornais The New York Times (EUA), El País (Espanha), Granma (Cuba) e O Estado de S. Paulo (Brasil) constroem saberes sobre Cuba, tendo como referência a atualização do modelo econômico na Ilha, em três momentos específicos: a II CELAC (Cúpula de Estados Latino-americanos e Caribenhos), em janeiro de 2014; o reatamento das relações diplomáticas com os Estados Unidos, em dezembro de 2014; e a primeira reunião diplomática entre Cuba e EUA, que aconteceu em Havana nos dias 21 e 22 de janeiro de 2015. Para complementar a análise, o trabalho também examina os discursos de um grupo de cubanos que mora na Ilha para saber como eles se significam em relação a Cuba. O objetivo é identificar o funcionamento discursivo dos jornais selecionados e dos cubanos entrevistados, refletindo sobre a tensão da linguagem como materialidade do embate histórico-político entre os cubanos e os jornais, e assim refletir sobre o modo como esses lugares discursivos produzem sentidos para a Ilha. O trabalho considerou que os sentidos sobre Cuba não “moram” no enunciado, mas no lugar de onde a Ilha é significada, seja pelos jornais, seja pelos cubanos, resultado de um longo e complexo processo de significação. Na correlação de forças entre esses lugares do dizer, algumas imagens sobre Cuba dominam o imaginário social dos jornais, produzindo efeito na própria luta pelos sentidos. Com base no material coletado e examinado, a pesquisa concluiu, entre outras coisas, que a imagem de uma Cuba ditatorial, comunista e que não respeita os direitos humanos e a liberdade foi construída desde o processo da Revolução Cubana, ainda no final da década de 1950, pelos jornais, que se pautaram a partir do discurso político dos EUA. Consideramos que há, ainda hoje, uma submissão da imprensa (analisada) a uma agenda da Casa Branca e que o reatamento das relações diplomáticas entre Cuba e os EUA pode significar uma recolonização discursiva dos sentidos sobre Cuba a partir da Formação Discursiva do governo americano, que os jornais internacionais analisados tomam como evidência. Por outro lado, tomamos o jornal o Granma como contraponto discursivo e descobrimos que, para ele, o sentido de Cuba se perpetua na Revolução, o que mostra que o lugar de fala do sujeito (a Formação Discursiva) é que determina as relações de força no discurso. Assim como o Granma, os cubanos entrevistados se filiam a Formação Discursiva patriota, de soberania nacional, que defende a Revolução Cubana, mas não nega que a atualização do modelo econômico melhorará seu socialismo. Com o reatamento das relações diplomáticas entre Cuba e os EUA, os jornais analisados materializam uma disputa de imagem sobre uma Cuba mais comercial, supostamente mais contemporânea, que se choca e disputa lugar com a imagem de uma Cuba menos mercadológica, mais “comunista”. Identificamos que o jornalista que “fala” sobre Cuba participa, ativamente, desse processo de significação. Antes de o profissional de imprensa ir até a Ilha, Cuba já chegou como imaginário para esse jornalista.

Palavras-chave: Linguagem; Jornalismo; Comunicação; Cuba; Análise do discurso.

. Rua Sérgio Buarque de Holanda, no 571
Campinas - SP - Brasil
CEP 13083-859

...

IEL - Based on Education theme - Drupal Theme
Original Design by WeebPal.