Resumo

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O inglês no ENEM e na escola : práticas de dois professores do ensino médio

Flávia Juliana de Sousa Avelar

Orientador(a): Matilde Virginia Ricardi Scaramucci

Doutorado em Linguística Aplicada - 2015

Nro. chamada: TESE DIGITAL - Av32i


Resumo:
O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), inicialmente proposto como um exame diagnóstico, teve seu status e função modificados em 2009, momento em que se tornou um mecanismo único de acesso ao ensino superior, e, por isso, um exame de alta relevância para aqueles que pretendem ingressar em uma universidade pública federal. Apesar da relevância do exame, poucos estudos foram conduzidos para coletar evidências de sua influência sobre o ensino e a aprendizagem que os antecedem. São esses efeitos, denominados na literatura de efeito retroativo, que se pretende investigar neste estudo, especialmente aqueles da prova de inglês sobre as ações de dois professores no ensino médio. Através de uma metodologia qualitativa de cunho etnográfico, registros foram coletados em dois contextos de ensino distintos, ambos localizados na Região Metropolitana de Campinas, sendo um deles uma escola pública e o outro uma escola particular. Primeiramente, foram entrevistados dois professores de inglês e seus coordenadores de ensino. Visando a triangulação dos dados, esses registros foram complementados por dados de observação em sala de aula, gravados em áudio, enriquecidos com notas de campo feitas pela pesquisadora. Os alunos também responderam a um questionário. Os resultados desta investigação indicam que, apesar de o ENEM se configurar como um exame de entrada de alta relevância, a prova de inglês não exerce efeitos retroativos significativos sobre os ensinos dos dois professores colaboradores. Na escola pública, o ensino é conduzido a partir do material didático utilizado, os Cadernos de Inglês elaborados e distribuídos pelo estado de São Paulo, e não há preocupação em se preparar os alunos para o ensino universitário. Na escola particular, os vestibulares das universidades públicas do estado de São Paulo ainda continuam exercendo forte efeito sobre o ensino de inglês, especialmente devido ao material didático, a apostila elaborada pela escola. Nesse contexto específico, percebeu-se, ainda, que os vestibulares determinam a habilidade, o conteúdo, a profundidade e o ritmo de ensino, ou seja, efeito retroativo de natureza negativa e de intensidade forte. Por outro lado, pode-se determinar a natureza do efeito retroativo também como sendo geral, pois os alunos são preparados para os vestibulares das universidades públicas do estado. Os resultados desta pesquisa sugerem que a introdução de um exame de alta relevância não é suficiente para influenciar o que acontece em sala de aula e não provoca, necessariamente, efeito retroativo. Os resultados mostram, ainda, que o ensino de inglês na escola continua sendo construído com base em aspectos tradicionais de ensino de leitura e de avaliação, mostrando, mais uma vez, a interação do exame com aspectos relativos à formação do professor. Sinalizam, portanto, para a necessidade de mais discussões que tematizem a relação entre a prática de sala de aula de línguas estrangeiras e a avaliação, bem como a necessidade de se (re)pensar a base curricular de cursos de formação inicial e continuada de professores de línguas estrangeiras.

Palavras-chave: Exame Nacional do Ensino Médio (Brasil); Língua inglesa - Estudo e ensino (Ensino médio) - Falantes de português - Método comparado; Língua inglesa - Exames, questões, etc; Prática de ensino - Escolas públicas - Campinas (SP); Prática de ensino - Escolas particulares - Campinas (SP); Efeito retroativo

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