Resumo

Versão para impressão
Discurso, sujeito e relações de trabalho : a posição discursiva da Petrobras

Luciana Nogueira

Orientador(a): Eni de Lourdes Pulcinelli Orlandi

Doutorado em Linguística - 2015

Nro. chamada: T/UNICAMP - N689d


Resumo:
Apresentamos, nesta tese, análises da posição discursiva da Petrobras no que diz respeito às relações de trabalho, portanto o discurso sobre as/nas/das relações de trabalho nesta empresa, considerando as condições de produção sócio-históricas da reestruturação produtiva no Brasil a partir de 1990, como parte de um processo mais amplo: a mundialização. Trata-se de uma empresa brasileira que tem um significado histórico de destaque no Brasil. Mais especificamente analisamos o discurso de gestão empresarial (DGE) na/da Petrobras e, nesse sentido, buscamos compreender o cruzamento de discursos que se dá entre: o discurso de gestão e o nacionalismo e a brasilidade que marcam fortemente o discurso da Petrobras, por isso nosso interesse específico por esta empresa. Nosso corpus é, então, constituído de materiais de comunicação institucional da Petrobras. Para realizar este trabalho, que se inscreve na teoria da análise de discurso, filiada ao materialismo histórico, analisamos inicialmente o discurso publicitário, por meio de propagandas e do próprio logotipo que é a marca da Petrobras para, em seguida, passarmos aos materiais que tocam nas relações de trabalho mais diretamente. Há uma passagem de um discurso mais nacionalista a um discurso mais adequado à mundialização, que pode ser verificada nas análises dos materiais de propaganda e é possível ver, ao longo das análises, como um discurso é "solidário" com o outro, no sentido de sustentar o discurso de gestão atual. De um modo geral, a pesquisa busca compreender como as relações de poder, de submissão, de (re)organização do capitalismo se dão, produzindo efeitos de evidência de: autonomia, consenso e de responsabilidade para o sujeito do discurso. Traçamos elementos do processo de constituição do sujeito, centrando-nos nos modos de individuação do sujeito pela instituição que é a empresa, os quais nos permitem compreender mais sobre a forma de interpelação do sujeito na contemporaneidade. Assim, compreendemos que é constituída uma imagem de sujeito auto-empreendedor que se sustenta num discurso predominantemente psicologista e há o funcionamento discursivo da (dis)simulação, que está colocado como condição de significação para esse discurso de gestão atual, que tem como um traço característico seu, o apagamento do político. O discurso das competências é constitutivo do DGE, bem como o da responsabilidade, harmonia e consenso, os quais têm implicações na constituição do sujeito e também na questão da resistência. Ainda que o objeto de pesquisa seja um certo discurso dominante, institucionalizado, são apresentados, ao final, elementos para se pensar nas formas de resistência do sujeito, pois não há dominação sem resistência. O que está em questão, considerando as relações de forças, é a manutenção do sistema capitalista e para isso ele precisa ser (re)significado, (re)dito. Analisar a posição discursiva da Petrobras a partir dessas condições de produção sócio-históricas do discurso permitiu-nos compreender também a configuração de uma formação discursiva neoliberal que é praticada na contemporaneidade.

Palavras-chave: PETROBRAS. Análise do discurso. Gestão empresarial. Relações de trabalho. Ideologia. Sujeito (Analise do discurso).

. Rua Sérgio Buarque de Holanda, no 571
Campinas - SP - Brasil
CEP 13083-859

...

IEL - Based on Education theme - Drupal Theme
Original Design by WeebPal.