Resumo

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A redação no ENEM e a redação no 3º ano do ensino médio : efeitos retroativos nas práticas de ensino da escrita

Monica Panigassi Vicentini

Orientador(a): Matilde Virginia Ricardi Scaramucci

Mestrado em Linguística Aplicada - 2015

Nro. chamada: T/UNICAMP - V662r


Resumo:
O Exame Nacional do Ensino Médio passou a ser um mecanismo único de acesso ao ensino superior em 2009 e, como tal, tornou-se um exame de alta relevância para aqueles que almejam uma vaga no ensino superior público. Essa nova condição dá ao exame potencial para exercer efeitos no ensino que o precede. Esse impacto é um fenômeno denominado pela literatura de "efeito retroativo". O fenômeno é de grande interesse de pesquisadores da área de avaliação, na medida em que permite entender melhor a relação de exames com práticas de ensino e com a aprendizagem, com implicações para o aprimoramento dos exames. Apesar de alguns estudos sobre efeito retroativo terem sido realizados em contexto brasileiro, há uma lacuna no que se refere ao efeito retroativo da prova de redação do ENEM no processo de ensino e aprendizagem. Dessa forma, esta dissertação procurou suprir essa lacuna, investigando a influência desse exame nas práticas de ensinar de duas professoras de terceiro ano do ensino médio, sendo uma delas do ensino público e a outra do ensino privado. Escolhemos o terceiro ano por ser de conhecimento geral que essa etapa do ensino básico é diretamente influenciada pelos vestibulares. Com a proposta de uma pesquisa qualitativa de cunho etnográfico, observamos práticas de sala de aula, fizemos anotações de campo e entrevistamos professoras e alunos, triangulando esses dados com a análise de documentos oficiais do exame. Nossos resultados mostram existência de efeito retroativo nas percepções, atitudes e práticas da professora da escola privada; no contexto da escola pública, entretanto, esse efeito se dá apenas nas percepções e atitudes da professora, ou seja, em seu discurso, mas não em sua prática. Fatores diversos são responsáveis por esses resultados (WATANABE, 2004). Enquanto na escola privada, fatores relativos ao teste propriamente dito, tais como sua natureza, formato e habilidade avaliada favorecem a existência do efeito, o mesmo não acontece na escola pública. Fatores pessoais, tais como as crenças e o grau de conhecimento sobre o exame, também são determinantes na ocorrência de efeitos. A dimensão de valor, ou seja, avaliar um efeito como positivo ou negativo, questão bastante complexa dentro dos estudos sobre efeito retroativo, é igualmente abordada neste trabalho, mostrando que esse julgamento depende de quem faz a apreciação (ALDERSON, 1992). Professora e alunos da escola privada, por exemplo, avaliam positivamente a abordagem de ensino para o ENEM utilizada na escola, ao passo que, a nosso ver, o treinamento de estratégias para a realização do exame é negativo. Nossos resultados confirmam a hipótese levantada em outros estudos de que um mesmo teste exerce efeitos distintos, de maior ou menor intensidade, em alguns professores e alunos e não necessariamente em outros. Este trabalho, além de cumprir com o objetivo de contribuir com a área de estudos sobre efeito retroativo e de colocar o ENEM em discussão, aponta para a necessidade da ampliação do número de pesquisas sobre efeito retroativo no contexto da prova de redação do exame.

Palavras-chave: Exame Nacional do Ensino Médio (Brasil). Efeito retroativo. Ensino médio. Avaliação. Prática de ensino. Escrita - Estudo e ensino.

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