Resumo

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Os nossos antepassados, de Italo Calvino, como alegoria do sujeito moderno

Juliana Zanetti de Paiva

Orientador(a): Eduardo Sterzi de Carvalho Júnior

Mestrado em Teoria e História Literária - 2015

Nro. chamada: T/UNICAMP - P166n


Resumo:
O objetivo do nosso estudo é refletir sobre as três personagens principais da obra Os nossos antepassados como figurações alegóricas do sujeito moderno. O percurso que escolhemos percorrer foi apresentar alguns elementos sobre Calvino e a relação entre real e ficional na sua trajetória a partir do ponto de vista da crítica italiana. Em seguida, como existem várias definições e entendimentos acerca do que se pode definir por modernidade, explicitamos em quais concepões nos apoiamos neste estudo. Quanto à discussão acerca das concepções de alegoria, foi mais frutífero para nosso estudo problematizar esse conceito com base nas elaborações de Walter Benjamin. Por acharmos que a obra calviniana em análise mantém uma relação tensa com o contexto social da época de sua escrita, buscamos situar tal contexto, notadamente a especificidade da modernidade italiana, destacando alguns acontecimentos históricos na época da escrita das três histórias, com destaque para o debate sobre o neorrealismo italiano. Em seguida, apresentamos algumas das análises realizadas sobre a obra em estudo e procedemos à nossa análise. A divisão de Medardo, entendida por nós como mutilação, é relacionada aos conceitos de indivíduo concreto, particular e forma-sujeito burguesa abstrata e universal. Para nós, a dinâmica da vida social moderna é também uma dinâmica da subjetividade, em que a forma social pretende exigir dos indivíduos o constante apagamento de seus rastros de individualidade em proveito de uma forma de subjetividade geral e abstrata. Entretanto, os indivíduos concretos não são máquinas que apagam sua história de vida em proveito do social, ou seja, existem tensões que para nós são advindas dessa mutilação entre as exigências do todo social universal e a vida particular. Cosme, por sua vez, é por nós interpretado tanto como uma alegoria do sujeito moderno da Razão Instrumental com sua tendência a submeter o mundo aos imperativos da Razão quanto como uma desilusão-aporia em relação a essa racionalidade: não se sabe se Cosme está desiludido porque não conseguiu fazer o mundo ser guiado pela Razão ou porque notou na racionalização do mundo também as raízes da irracionalidade. Agilulfo nos parece uma imagem alegórica do que se poderia chamar de armadura de caráter do sujeito moderno, de uma abstração de subjetividade, pois o cavaleiro expressa a negação da individualidade do ser humano, em proveito de uma forma-sujeito apta à vida moderna, um sujeito que tem ações e pensamentos em consonância com o ritmo moderno, com a aceitação da realidade vivida sem realizar atritos com ela.

Palavras-chave: Calvino, Italo,1923-1985. Os nossos antepassados - Crítica e interpretação. Literatura italiana. Modernidade. Alegoria.

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