Resumo: O intuito que motivou esta pesquisa foi, em um escopo mais alargado, perceber em que medida a divulgação científica está mudando com o uso da Internet no Brasil. Mais especificamente, perceber como os modelos de comunicação pública da ciência se confluem no espaço digital e, perceber se, com o advento das tecnologias em rede, estaria surgindo um novo modelo para além das noções de déficit, diálogo e participação em divulgação científica (TRENCH, 2008) como se conhece hoje. Os caminhos apontados pelo estudo, no entanto, fizeram com que se chegasse a outras avaliações, mais interessantes do que o que o plano inicial poderia prever. Ao invés de fazer uma correspondência entre teoria e prática, modelo e aplicação através de uma análise discursiva dos manuais de divulgação científica (para observar como materializam a ideia de "modelo de comunicação pública de ciência") e da análise de páginas na Internet para saber como déficit, diálogo e participação se manifestam na prática, foi possível revisitar e colocar alguns questionamentos sobre a própria noção de "modelo" e tomar o mapeamento de campo também como problema. A partir daí, foi possível sugerir que o conceito de modulação, de Gilles Deleuze (2000) pode ser um caminho interessante para ajudar a pensar estes modelos, bem como perceber algumas questões que inquietam uma parcela dos divulgadores de ciência no Brasil no que toca sua própria prática ¿ e algumas ideias que informam suas opiniões sobre jornalista, cientista e público. Assim, foi possível perceber, ainda que de forma inicial, que pode ser que modelo e modulação se sobreponham e funcionem sem a necessidade de que um prescinda do outro, embora sejam formulações diferentes. E pode ser que esta seja uma das formas como a divulgação científica aponta para mudanças no meio digital.
Palavras-chave: Divulgação científica - Brasil. Internet. Redes sociais on-line. Comunicação na ciência.