Resumo

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Orações relativas livres do PB : sintaxe, semântica e diacronia

Paulo Medeiros Junior

Orientador(a): Mary Aizawa Kato

Doutorado em Linguística - 2014

Nro. chamada: T/UNICAMP - M467o


Resumo:
Esta tese analisa o fenômeno das orações relativas livres em português do Brasil, debatendo, à luz da teoria de Princípios e Parâmetros, em sua versão conhecida como Programa Minimalista, (tal como proposto em Chomsky (1995) e trabalhos subsequentes), questões referentes à sintaxe, semântica e à evolução da estrutura desse tipo de sentença na história do PB. A análise dos dados mostrou que relativas livres em PB são construções do tipo DP em posição argumental e PP em posição não-argumental, derivadas via movimento de sintagma-Wh e são, nessa língua, sujeitas 100% ao chamado efeito de compatibilidade (Matching effect). Entende-se que a derivação de relativas livres envolva uma operação complexa de incorporação de núcleos funcionais (C0 e D0 diretamente implicados no processo de relativização) ¿ tal como proposto em Medeiros Junior 2005 ¿, a qual se reflete na morfologia do sintagma-Wh que integra esse tipo de construção. Tal operação de confluência de núcleos funcionais está, nos termos do que aqui se propõe, diretamente relacionada à presença de um sufixo -ever nulo que, adentrando a numeração da sentença, não pode ficar "desgarrado" (cf. Lasnik 1995). Com base em análise translinguística quanto ao comportamento das relativas livres com -ever em línguas como o inglês, o basco, o persa, o norueguês e o árabe moderno, e considerando que algumas restrições sintáticas encontradas nessas línguas são também verificados no PB, o que se propõe-se aqui é que toda relativa livre do português seja um relativa livre do tipo wh-ever, com um sufixo nulo. Entende-se que esse fato esteja diretamente ligado à interpretação essencialmente maximalizante/universal para relativas livres do PB, considerando a possibilidade de se associar o composto quer que ao wh dessas estruturas. Toma-se como análise alternativa a esta a hipótese aventada em Ott (2011), constituída com base no panorama de Fases do Programa Minimalista, segundo a qual o fato de relativas livres em sua derivação apresentarem, em dado momento, a estrutura de um CP e a forma final DP se deve ao fato de que o DP wh adjungido a CP se projete na estrutura, resultando na constituição final dessas sentenças. A análise histórica, baseada na teoria de pistas sintáticas de David Lightfoot, revelou que, no português clássico, relativas livres apresentam-se com duas estruturas básicas, uma que chamamos relativa semilivre, com uma preposição intervindo entre o determinante "o" e o relativizador "que", e outra em que o que e quem alternam-se livremente. Em face da redução da ocorrência da preposição interveniente, um processo de reanálise faz novas gerações de falantes convergirem massivamente para a segunda estrutura em detrimento da primeira, o que também se propõe alternativamente, pelas características da mudança, se tratar de um processo de gramaticalização nos termos de Roberts e Roussou (2003)

Palavras-chave: Língua portuguesa - Brasil - Orações relativas.

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