Resumo: Os saraus literários da periferia de São Paulo se tornaram uma tendência em todo o país. Bares em bairros pobres abrem suas portas para poetas negros e pobres que desejam mostrar seu talento e se organizar coletivamente para disseminar essa importante produção artístico-cultural, fortalecer identidades culturais e racias e formar leitores nas periferias das grandes cidades. Tais encontros despertaram o interesse das comunidades pobres, de pesquisadores e do mercado editorial, além de apontar para possibilidades de pensar a crítica literária e até mesmo o ensino de leitura e de literatura em espaços institucionais como a escola. Além disso, desde a publicação da Edição Especial da Revista Caros Amigos Literatura Marginal, a diversidade linguística de uma periferia hibridizada e sincrética tem sido vista como a principal característica da literatura marginal/periférica. Uma literatura original, multimodal e multissemiótica, que cria efeitos de sentido inesperados e experiências únicas de fruição estética. Não são poucas as contribuições dessas organizações e nosso objetivo é analisar alguns dos eventos de letramentos e multiletramentos que constituem esses contextos e possibilitam sua atuação estético-política. Para tanto, observamos o sarau Elo da Corrente, por sua representatividade junto aos coletivos que se dedicam à literatura marginal/periférica. No Elo, pudemos encontrar todas as referências apontadas como fundamentais da literatura marginal/periférica, cujas contribuições destacaremos aqui: os marginais dos anos 70, a literatura negra, o movimento cultural Hip Hop e a cultura nordestina. Tal diversidade é possível, dentre outras coisas, pelas muitas influências estéticas e culturais que compõem os espaços
Palavras-chave: Literatura popular. Literatura marginal. Letramento. Multiletramentos.