Resumo: Esta tese tem como objeto a obra romanesca de João Gilberto Noll, que é composta de doze romances publicados até o presente momento. A ideia que alimentou nosso ímpeto inicial foi surpreender na heterogeneidade dos diversos romances uma certa unidade que poderia ser o princípio estruturante dos romances de Noll. Correndo o risco de sermos demasiado sistemáticos, empreendemos tal trabalho. Divide-se esta tese em dois momentos distintos e complementares, a saber: primeiramente traçamos, um tanto quanto abstratamente, o que há de constante, o traço comum entre os doze heróis (que, em certo sentido, são o mesmo) que falam nos romances. Destacamos, neste primeiro momento da tese, a importância que a análise temporal teve, fornecendo talvez a chave interpretativa mais importante para se compreender as questões identitárias que os romances em questão evocam. Neste sentido, teóricos como Paul Ricoeur e Jean Pouillon forneceram a base teórica para se estabelecer uma visão substancial do fazer narrativo no tempo. Na segunda parte, cada romance é compulsado de maneira a concretizar os corolários produzidos na primeira parte da tese. Buscamos evitar o périplo teleológico, no qual estaria dado já no início o fim em direção ao qual conduziríamos nossa exposição. Sendo assim, a hipótese que se transformou em tese sustenta que todos estes romances são, na sua essência mesma, dramas identitários nos quais seus heróis deliberadamente buscam o não-ser, aquilo que não são, mas que anelam profunda e angustiadamente. Não se trata de uma carência de ser, mas de uma busca consciente pelos limites do eu diante do não-eu. As análises de cada romance nos permitiram demonstrar sobejamente que esta hipótese se confirma tout court e nos conduzem a reflexões que são de teor filosófico - uma vez que dizem respeito aos nossos dramas existenciais -, às quais buscamos encontrar respectivos filósofos para nos auxiliar
Palavras-chave: Noll, João Gilberto, 1946 - Crítica e interpretação. Ficção brasileira - História e crítica. Literatura brasileira - Séc. XX. Ontologia.