Resumo: Esta dissertação de mestrado realiza um estudo da obra da poeta contemporânea brasileira Dora Ferreira da Silva, buscando compreender alguns de seus procedimentos poéticos fundamentais a partir da análise crítica de sua obra. Dentre esses procedimentos está a realização de um "diálogo com o invisível" por meio do qual a poeta chama e afirma imagens míticas, de um tempo outro, afirmando-as no presente contra a sua desaparição. Neste sentido, sua poética realiza a sobrevivência dessas imagens que voltam e se fazem novamente possíveis no presente, esse tempo de carência, ausente de deuses. Na realização de tal diálogo com o invisível, buscamos também mostrar a constituição do que pensamos ser um lugar fundamental na construção de sua poética: o espaço do entrelugar, essa zona de indefinição, situada em um intervalo, onde a poeta, em um duplo movimento, se situa entre potências opostas, como mito e logos, sombra e luz, morte e vida, que coexistem em sua obra poética, deixando que ela se mostre em sua materialidade, na artesanal operação sobre as palavras, e não se deixe ver, ou não se deixe dizer totalmente, em sua proximidade com o mito. Nesse entrelugar que faz dela, antes de tudo, moderna, a poesia de Dora Ferreira da Silva confunde e indetermina e, como diria Vilém Flusser, fascina, como tudo que ainda não foi descoberto
Palavras-chave: Silva, Dora Ferreira da, 1918- Crítica e interpretação. Poesia brasileira - Séc. XX.. Literatura brasileira - História e crítica. Espaço e tempo na literatura.