Resumo

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Sobre o funcionamento do discurso da qualidade em um curso de formação de professores

Maria Inês Berloffa

Orientador(a): Suzy Maria Lagazzi Rodrigues

Mestrado em Linguística - 2014

Nro. chamada: T/UNICAMP - B455s


Resumo:
Esta dissertação teve como finalidade analisar, segundo os pressupostos teóricos e metodológicos da Análise de Discurso Pêcheutiana, o funcionamento discursivo de "qualidade" na textualidade do Curso de Formação do Concurso Público para Provimento de Cargo Efetivo de Professor de Educação Básica II, SQCII-QM, elaborado pela Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Professores (EFPA) como uma das ações do Programa + Qualidade na Escola, lançado em maio de 2009, pelo Governo do Estado de São Paulo, segundo a Lei Complementar 19/2009. O curso, oferecido na modalidade a distância, foi etapa obrigatória do referido concurso público, tendo sido ministrado somente para os professores selecionados na primeira etapa desse processo de seleção, durante o período de julho a dezembro de 2010. As análises apontaram que, sob o pretexto da qualidade no/do ensino/educação, materializa-se o caráter injuntivo dos dizeres, historicamente determinados, evidenciados pela excessiva organização, cujas marcas recorrentes marcas estão expressas, também, nas formas linguísticas não verbais como, por exemplo, a estrutura modular e a organização modelar dos slides. Formas que antecipam dizeres que derivam da orientação para ordenação ¿ dando lugar a formulações de caráter instrucional do tipo "para X, faça Y", constituídas por verbos no imperativo, sendo, portanto, injuntivas. Dizeres esses que estão sobredeterminados pelo discurso da gestão dos processos de qualidade, normalizados segundo certificações internacionais ¿ as ISOS, que se justificam em razão das demandas prementes do mercado mundial por produtividade, ou seja, as regras do mercado globalizado se impõem, também, para a educação no Brasil. Nesse discurso, a qualidade da educação significa a qualidade na gestão dos processos de produção da educação/informação. Esse funcionamento discursivo materializa dizeres capazes de desidentificar os sujeitos-professores, projetando para o futuro um outro sujeito-professor - imaginário - em estado embrionário, potencial. Há um apagamento da memória constitutiva do sujeito-professor, de modo que os dizeres do/sobre o sujeito-professor não estão em relação ao conhecimento; apagamento que o impossibilita de sua condição de autoria. Criam-se, assim, condições para o monitoramento constante dos dizeres, de modo a tornar possível o controle sobre a produção e circulação da informação/conhecimento pelo Estado para o Mercado e/ou vice-versa, uma via de mão dupla que propicia a circulação da mercadoria e do capital. A partir das análises, pode-se concluir que sob uma aparência sedutora, esse curso pretende manter o processo de "divisão social do trabalho de leitura" (Pêcheux, 1981) em nossa sociedade, de modo a dar a alguns o direito à interpretação (atribuir sentidos), enquanto outros "podem [devem] exercer o trabalho divino de sustentação do sentido estabilizado ¿ sob a forma do efeito do `sempre-já-lá¿" (Pfeiffer, 1995, p. 26). Palavras-chave: qualidade, formação de professores, gestão de processos, autoria.

Palavras-chave: Qualidade. Professores - Formação. Gestão da qualidade total. Autoria.

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