Resumo

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Existe fim em marfim? : um estudo da relação de palavras dentro de palavras no acesso lexical

Beatriz de Oliveira Salgado

Orientador(a): Edson Françozo

Mestrado em Linguística - 2014

Nro. chamada: T/UNICAMP - Sa32e


Resumo:
Este trabalho investigou se no português brasileiro (PB), assim como investigaram Van Alphen e Van Berkum (2010) no holandês, os ouvintes levam em conta o significado de supostas palavras reconhecidas em outras, durante o acesso lexical. Um exemplo deste fenômeno seria a ativação mental da palavra "fé", mesmo que brevemente, quando o ouvinte se depara com a palavra "café". Investigar fenômenos como esse é tentar compreender parte da dinâmica que ocorre no acesso lexical em nossa mente. No caso desta pesquisa, perguntamo-nos se o acesso lexical de uma Suposta Palavra Inserida (SPI) no início de sua palavra Portadora (como "nó" em "nora") ocorre da mesma maneira que uma SPI no final (como "fé" em "café"). Nossa proposta é que esse acesso dar-se-á de maneira não estritamente modular e sim interacional (em termos cognitivos), como em um modelo conexionista. Neste tipo de modelo, como argumenta Leitão (2008), existe uma alta interação entre todos os tipos de informação relevantes para o processamento (como léxico-semântica, contextual, frequência de ocorrência etc.) e essa interação entre informações é o que guia o "caminho" que seguimos no processamento. Inicialmente, buscamos no corpus NILC-São Carlos palavras que contêm outras palavras menores dentro delas (Portadoras) dentro de um intervalo de frequência. Em seguida, elaboramos experimentos de decisão lexical com estímulos por via auditiva e visual (cross-modal) para avaliar se uma palavra na tela associada à SPI ouvida (como CRENÇA para "fé", em "café") teria um tempo de resposta (RT) diferente de uma palavra sem associação direta nem com a Portadora nem com a SPI (como COMPUTADOR). Esse resultado indica que o sujeito consideraria também a SPI no acesso lexical da Portadora, pois a associação entre a SPI (ouvida na Portadora) e a palavra lida na tela interferiu na tarefa de decisão lexical. Essa interferência seria responsável por modificar o tempo da resposta, em comparação com o caso de uma palavra escrita não associada (situação Controle), que não interfere na tarefa. Por outro lado, existe evidência para a desativação da SPI no início e para inibição da ativação de uma SPI no final, justificada pela ativação da Portadora (por exemplo, a ativação mental de "café" inibiria a ativação de "fé", como resultado da competição entre hipóteses lexicais). Argumentamos que, ao final do prime, as SPIs ainda estão ativadas, mas sofrem efeito da competição com a palavra Portadora. Esses são exemplos da dinâmica temporal do acesso lexical, que estudamos nesta pesquisa. Como os resultados empíricos sobre esse tema, na literatura atual, ainda não são consistentes, com evidências tanto para efeitos que favorecem o acesso de SPIs como para efeitos que inibem esse acesso (assim como a ausência de efeitos), nosso estudo fornece mais evidências para compreender a dinâmica temporal da ativação de palavras dentro de palavras no acesso lexical, investigando também a diferença no processamento de SPIs no início e no final de outras palavras, ao comparar os diferentes RTs para cada uma dessas situações.

Palavras-chave: Percepção temporal.Lingua portuguesa - Formação de palavras. Língua portuguesa - Palavras e expressão.

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