Resumo

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Sujeitos e linguagem na Síndrome do X-Frágil

Michelli Alessandra Silva

Orientador(a): Maria Irma Hadler Coudry

Doutorado em Linguística - 2014

Nro. chamada: T/UNICAMP - Si38s


Resumo:
Neste trabalho, apresento um conjunto de investigações sobre a linguagem na Síndrome do X-Frágil (abreviada como SXF). Descrevo como a SXF é caracterizada pela literatura médica, dando enfoque à maneira pela qual os portadores da síndrome são diagnosticados e como a sua entrada na linguagem (não) é considerada. Nota-se que os estudos realizados na área focalizam, sobretudo, as características clínicas dos portadores da síndrome, porém constata-se a falta de estudos mais aprofundados sobre seus desdobramentos no que diz respeito ao processo de aquisição e uso da fala, leitura e escrita; o que resulta, quase sempre, em uma concepção reduzida e equivocada de linguagem na qual são baseadas todas as condutas escolares e terapêuticas. Com base em Foucault (1994), Agamben (2009) e Bezerra (2013) analiso quais efeitos de poder/saber são produzidos por esse discurso e suas implicações. Tendo isso vista, acompanhei, de 2009 a 2012, o processo de aquisição e uso da fala, leitura e escrita de três sujeitos portadores da síndrome - PM, AS e RG - em sessões semanais individuais (1h de duração) e em grupo (2h de duração), no Centro de Convivência de Linguagens (CCazinho/IEL/UNICAMP). A metodologia adotada é de natureza heurística e tem por fundamento o conceito de dado-achado (COUDRY, 1996). Assumem-se, também, neste estudo, os pressupostos teóricos formulados pela Neurolinguística Discursiva (ND), em que são articulados a hipótese da historicidade e indeterminação da linguagem e os conceitos de trabalho e força criadora (FRANCHI, 1977). Benveniste (1972) e Jakobson (1972; 1975) são autores-âncora em relação aos conceitos de (inter)subjetividade e dos níveis de funcionamento da linguagem. Luria (1981) e Freud (1891) são incorporados por sua aproximação no que diz respeito ao funcionamento dinâmico e integrado de cérebro/mente, em que a linguagem está representada em todo o cérebro e não localizada em suas partes/centros. Com este estudo, foi possível identificar algumas das dificuldades linguísticas apresentadas pelos portadores da SXF em relação à aquisição e uso da fala/escrita/leitura, bem como levantar como discussão o quanto essas dificuldades são da ordem do patológico e o quanto fazem parte do processo normal de aquisição e uso da fala/escrita/leitura, ou da exposição dos sujeitos à leitura/escrita durante suas vidas. Apresento algumas análises de dados desse processo contrapondo-os ao discurso médico. A relevância desta pesquisa, portanto, recai sobre a importância de estudos longitudinais para se observar e compreender esses processos para, então, neles intervir. Ressalta-se a importância de olhar o sujeito para além da patologia, focalizando sua relação com a linguagem em sua história de vida e sua relação com o mundo e o tempo em que vive; uma forma de enfrentar os dispositivos que determinam o que é e o que não é doença.

Palavras-chave: Fala. Leitura. Escrita. Síndrome do cromossomo X frágil. Neurolinguística discursiva.

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