Resumo

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As duas faces de Orfeu na Invenção de Jorge de Lima

Suene Honorato

Orientador(a): Paulo Elias Allane Franchetti

Doutorado em Teoria e História Literária - 2013

Nro. chamada: T/UNICAMP - H759d


Resumo:

Em 1952, Jorge de Lima publicou Invenção de Orfeu, longo poema em dez cantos numa linguagem de lastro surrealista, em que o personagem principal é o poeta e sua aventura de “fundação da ilha”. Ao longo de mais de meio século de recepção, a crítica tem afirmado seu caráter hermético, cujo propósito seria a busca da palavra original, desvinculada de valores extra-artísticos, numa metalinguagem que apontaria apenas para si mesma. Considero a hipótese de que seja inexato atribuir à obra o qualificativo de hermética, dado seu caráter de apropriação de signos culturais conhecidos do leitor. Tais apropriações deixam surpreender um importante elemento para a construção do poema, que é o tema deste trabalho: o caráter contraditório, que estabelece a tensão entre afirmar e negar o poder fundante da palavra poética. Nos capítulos 1 e 2, apresento algumas informações gerais sobre o autor e a obra, além de leituras do mito de Orfeu que atestam sua permanência na paisagem artística do século XX. No capítulo 3, analiso a apropriação do discurso religioso enquanto metáfora para a construção do poema, a partir da imitação da atitude do Deus bíblico e de Cristo. Se, de um lado, o mito da criação oferece ao poeta a possibilidade de fundar um mundo por meio da palavra, por outro o discurso cristão lhe exige uma atitude sacrificial que abre fraturas na composição do texto. Passo, no capítulo 4, à leitura do diálogo estabelecido com dois poetas da tradição: Dante Alighieri e Luís de Camões. Dante oferecerá ao poeta de Invenção de Orfeu a imagem da proximidade com o mistério religioso, ao passo que o projeto épico camoniano propiciará o distanciamento das concepções de epopeia como canto de guerra e de heroísmo. A imagem de Orfeu apresentada na obra, a que o capítulo 5 se dedica, oferece uma síntese desse mesmo movimento contraditório: o cantor trácio é tanto o poeta que encanta a todos os seres quanto aquele que arruína o canto e a si mesmo ao fracassar na busca por retirar Eurídice do reino dos mortos. No capítulo 6, reúno reflexões mais gerais sobre a contradição estruturante e o projeto épico de Invenção de Orfeu. Em apêndice, apresento uma análise das epígrafes da obra.

Palavras-chave: Lima, Jorge de, 1893-1953. Invenção de Orfeu - Crítica e interpretação. Contradição. Poesia encontrada.

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