Resumo: Esta tese tem como objetivo principal investigar os discursos sobre a pobreza, procurando verificar como que esta é significada nas políticas públicas de Estado. Dentro disso, interessa analisar a relação estabelecida do Estado para com o Mercado e a Ciência, observando o funcionamento discursivo de mobilização na direção de legitimar a tomada de decisões relacionadas ao público. Para tal, é importante verificar quais os mecanismos discursivos que o Estado operacionaliza de forma a articular significações, criando uma definição homogênea de pobreza e oferecendo uma base consensual que dê suporte às políticas públicas. Parto do pressuposto que esses discursos políticos estão inscritos numa lógica consensual, que se apresenta como um “ideal” democrático, mas é baseada numa concepção homogênea de vínculo social, fato que silencia conflitos e tensões e não permite que a alteridade se manifeste. O corpus foi constituído por relatórios produzidos por entidades multilaterais (Banco Mundial, ONU), documentos vinculados à Presidência da República do Brasil, dicionários, obras de referência de Antropologia e Economia e fotografias da autoria de Sebastião Salgado. A análise aqui proposta se inscreve na perspectiva teórico-metodológica da Análise de Discurso conforme proposta por Pêcheux e Orlandi, visando assim contribuir, através desta pesquisa, para com a compreensão do funcionamento da relação entre Estado, Mercado e Ciência na construção do(s) sentido(s) de “pobreza” e “pobre”, permitindo elucidar algumas questões relacionadas à compreensão de ambos como um problema social, logo político (ideológico).

Palavras-chave: Pobreza. Análise do discurso. Economia. Antropologia. Fotografia.