Resumo

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De Deaf Sentence a Surdo Mundo : diálogos entre teorias e práticas da tradução

Marylin Lima Guimarães Firmino

Orientador(a): Maria Viviane do Amaral Veras

Mestrado em Linguística Aplicada - 2013

Nro. chamada: T/UNICAMP - F518d


Resumo:
David Lodge aborda a temática da surdez de forma bastante inusitada no romance Deaf Sentence (2008). O protagonista é Desmond Bates, um professor de Linguística Aplicada aposentado, que está ficando surdo e passa por mal-entendidos decorrentes de suas dificuldades em distinguir sons de palavras similares, o que confere ao romance tons humorísticos e irônicos. Por meio da escrita de um diário, o personagem relata sua rotina, abalada pela jovem Alex, e introduz o leitor a uma visão especializada sobre questões de linguagem e literatura, além de expressar com lucidez suas impressões sobre a surdez, dando voz, de forma singular, a essa questão, ainda invisível para muitas pessoas. Os desafios de tradução se apresentam de pronto pelo título (um trocadilho entre deaf e death e polissemia da palavra sentence) e perpassam a narrativa, revelando uma forte ligação entre alguns aspectos paratextuais do romance e a história em si. Deaf Sentence coloca o tradutor diante de trocadilhos e articulações intertextuais que tornam o romance aparentemente intraduzível, ao mesmo tempo, convoca a transposição de fronteiras de forma obrigatória, como exige a tradução do humor. Nesse sentido, as soluções adequadas para os diversos desafios de tradução do romance estão intimamente ligadas às estratégias e recursos utilizados pelo tradutor. A partir do conceito de paratexto cunhado por Genette (2009), são apresentadas análises do título, dedicatória, epígrafe e agradecimentos, presentes no texto original, com o objetivo de expor seus possíveis efeitos sobre leitores e tradutores e, consequentemente, o recente conceito de paratradução (Yuste Frías, 2010) é abordado com o intuito de endossar a importância da tradução de paratextos para a recepção de obras literárias. As análises de capas de algumas traduções permitem o estabelecimento de relações entre imagens do original e de diferentes versões do romance, além de revelarem (ou não) relações com o seu conteúdo. A tradução brasileira Surdo Mundo, de Guilherme da Silva Braga (2010), foco das análises, divide o palco com as traduções A vida em surdina, de Tânia Ganho (Portugal, 2011), La vida en sordina, de Jaime Zulaika (Espanha, 2010), e La vie en sourdine, de Maurice e Yvonne Couturier (França, 2008). É possível estabelecer diálogos entre essas traduções, e a utilização ou não de notas mostrou-se um elemento evidente da singularidade das decisões tomadas pelos tradutores diante dos desafios. A partir das discussões em torno da (in)traduzibilidade de textos humorísticos feitas por Brezolin (1997), Schmitz (1996, 1998) e Possenti (1991), abordam-se possibilidades de tradução criativa desses gêneros discursivos. Levando-se em conta as especificidades de Deaf Sentence, é proposto um diálogo entre algumas vertentes teóricas aplicáveis à tradução do humor: Rosas (2002), Campos (1970) e Reiss e Vermeer (1996). O cotejo entre trechos selecionados de Deaf Sentence e de Surdo Mundo revela que a tradução criativa, processo de negociação amplo entre texto original e tradutor, parece justificar tranquilamente a ausência de notas, enquanto a sua presença nas demais traduções analisadas, em alguns casos, parece advir da aceitação da intraduzibilidade de determinados desafios.



Palavras-chave: Lodge, David, 1935-. Deaf sentence - Tradução. Humor na literatura. Paratexto. Paratradução. Tradução e interpretação.

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