Resumo

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Sujeitos, histórias e rótulos : a leitura e a escrita de crianças e jovens diagnosticados com dislexia

Laura Muller

Orientador(a): Maria Irma Hadler Coudry

Mestrado em Linguística - 2013

Nro. chamada: T/UNICAMP - M914s


Resumo:
Esta pesquisa tem por objetivo analisar o processo de aquisição e uso da leitura e da escrita de cinco crianças e jovens que receberam o diagnóstico de Dislexia acompanhadas longitudinalmente no Centro de Convivência de Linguagens (CCazinho) no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp. A partir do encontro entre pesquisadora e sujeitos da pesquisa traça-se a crítica ao diagnóstico, orientada pela perspectiva teórica e metodológica da Neurolinguística Discursiva (ND). Primeiramente, argumenta-se sobre o equívoco da concepção de leitura e escrita enquanto código, presente na definição, avaliação e tratamento de Dislexia. Ao mesmo tempo, por meio da análise de dados de leitura e escrita dos sujeitos acompanhados, procura-se desconstruir o que foi visto como sintoma de Dislexia ao investigar as hipóteses que essas crianças e jovens constroem em seu processo de aquisição e uso da leitura e escrita. Em seguida, a crítica se concentra na função e alcance que o diagnóstico exerce socialmente. Para isso, utiliza-se a interpretação dos diagnósticos como dispositivos (AGAMBEN, 2010) que capturam os sujeitos, orientam e determinam os discursos e o modo de agir da escola, da família e do próprio sujeito. Estrategicamente, o diagnóstico de Dislexia desloca para os corpos dos sujeitos questões sociais e desresponsabiliza a sociedade pelo crescente fracasso no ensino de leitura e escrita que vivemos hoje. O modo de funcionamento desse dispositivo é discutido pela análise dos dizeres dos sujeitos e de seus familiares sobre o diagnóstico e pela análise dos laudos de diagnóstico, dos dados escolares e de tratamentos a que alguns foram submetidos. Por fim, busca-se dar visibilidade aos problemas encobertos pelos diagnósticos, investigando as dificuldades não patológicas que esses sujeitos apresentam. Para isso, discute-se o modo como esses sujeitos estão fracassando na escola, ora porque enfrentam dificuldades em entender o jogo pouco explícito dessa instituição, ora porque a família não tem conseguido, por diversas razões, ajudar os sujeitos, ora porque a escola, a leitura e a escrita não fazem sentido para eles. Em contraste, analisa-se o acompanhamento longitudinal de um dos sujeitos da pesquisa, discutindo o modo como as práticas com/sobre a linguagem no CCazinho - que levam em conta o sujeito, sua história, seus interesses e constrói um interlocutor ativo para sua leitura e escrita - abre uma possibilidade de alteração no processo de aquisição e uso da leitura e da escrita da criança. Nesse processo, a aprendizagem da leitura e da escrita desconstrói e desqualifica o diagnóstico que vai perdendo força e sentido na história do sujeito.

Palavras-chave: Neurolinguística. Dislexia. Patologização da educação. Fracasso escolar. Aquisição da escrita. Leitura.

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