Resumo

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Por um inglês menor : a desterritorialização da grande língua

Junia Claudia Santana de Mattos Zaidan

Orientador(a): Kanavillil Rajagopalan

Doutorado em Linguística - 2013

Nro. chamada: T/UNICAMP - Z13p


Resumo:
Nesta tese, discute-se a difusão mundial do inglês, apresenta-se uma crítica da base conceitual sobre a qual se constitui o discurso a respeito deste fenômeno, bem como uma proposta de conceituação articulada entre a Nova Pragmática (RAJAGOPALAN, 2010) e a filosofia da linguagem. O objeto deste estudo é o World English (WE, RAJAGOPALAN, 2004), utilizado por falantes de línguas nativas diversas. Com o objetivo de apontar a insuficiência da base epistemológica para o WE, volta-se primeiramente para a sociolinguística (JENKINS, 2003, SCHNEIDER, 2007) que, embora reconheça a inerente variabilidade da língua, produz discursos comprometidos com o universalismo ao insistir na busca de padrões constantes no uso e ao furtar-se a tratar a língua como categoria política e não ontológica. Na Linguística, o falante nativo idealizado e a língua como estrutura (BLOOMFIELD, 1933; CHOMSKY, 1965) também produzem um WE que fortalece o fundacionismo, mantendo as práticas linguareiras (uso, descrição e ensino) atreladas aos padrões anglo-americanos. Na Linguística Aplicada, apesar das contribuições de Kachru (1985) com a proposição dos Círculos Concêntricos, de Phillipson (1992) com a crítica ao ‘imperialismo linguístico’, e de Jenkins (2003), com o estudo da variação do WE, mantém-se o centramento, privilegiando supostas essências. Valorações de desempenho linguístico, segregação de profissionais, políticas de publicação restritivas – todas referendadas pelo eurocentrismo - são discutidas como efeitos materiais das invenções naturalizadas por este regime metadiscursivo (MAKONI & PENNYCOOK, 2007) criticado nesta investigação em face da demografia do inglês, que hoje inclui apenas um falante nativo entre quatro não nativos. Ilustra-se este estudo com dados do International Corpus of English, e com as regularidades detectadas por Seidlhofer (2004) no Vienna-Oxford International Corpus of English e aquelas propostas por Jenkins (op.cit.) através do Common Core. A partir do conceito de literatura menor (DELEUZE & GUATTARI, 1977), ancoramos a tese de um inglês menor no postulado da Nova Pragmática, segundo o qual a linguagem e a ação humana pressupõem-se reciprocamente (AUSTIN, 1962), o que expõe i- a indissociabilidade entre a linguagem e a metalinguagem e, portanto a intervenção da teorização na ontologia que a tradição platônica fez crer como existente a priori; e ii- a natureza ético-política da teorização, uma vez que este exame do WE assume sua inscrição no social. Tem-se, pois, que o inglês menor, ao invés de apontar para um quantitativo reduzido de usuários, indica um uso não amparado pelo poder das instituições, um uso que se detecta como potência de variação e não como poder das constantes; um uso que não opera como raiz de árvore, mas por rizoma, a desterritorializar-se em seu devir, escapando à palavra de ordem ratificadora de fundacionismos e universais. Como micropolítica linguística, propõem-se os seguintes princípios para uma pedagogia menor do WE: privilegiar o híbrido, o repertório de línguas – incluída a língua mãe – e de estratégias; rejeitar toda sorte de prescrição metodológica; fomentar a consciência metalinguística, a noção de opacidade do texto e de gramática como epifenômeno, o pertencimento provisório a comunidades de prática, o uso da língua como ação política e a negociação interacional.

Palavras-chave: Planejamento linguistico. Lingua inglesa - Aspectos políticos. Pedagogia menor. World English(es).

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