Resumo

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O ensino de língua portuguesa : usos do livro didático, objetos de ensino e gestos profissionais

Márcia Andrea Almeida de Oliveira

Orientador(a): Roxane Helena Rodrigues Rojo

Doutorado em Linguística Aplicada - 2013

Nro. chamada: T/UNICAMP - OL4e


Resumo:
Essa tese se insere na área de Linguística Aplicada e procura integrar três dimensões essenciais para se compreender o uso do Livro Didático de Língua Portuguesa: os objetos de ensino, as ferramentas do professor e os gestos profissionais. Tem como objetivo descrever, analisar e compreender como as professoras dos 6º e 9º anos apropriam se dos livros didáticos da coleção Tudo é Linguagem, adotada no triênio 2008-2010, em uma escola estadual da cidade de Belém. Neste trabalho, buscou-se (1) examinar as apreciações dos professores a respeito do manual adotado, levando-se em consideração o caráter ideológico do enunciado, o papel da linguagem na constituição social do sujeito (BAKHTIN, 1993 [1934]; 1997 [1953]); (2) investigar quais gestos didáticos é proposto pelo livro didático e aqueles implementados pelas professoras participantes da pesquisa, tomando-se como referência as reflexões sobre gesto (AEBY-DAGHÉ; DOLZ, 2008, SCHNEUWLY; DOLZ, 2009); e (3) verificar em que medida o uso do Livro Didático de Língua Portuguesa favorece a reconfiguração dos objetos de ensino em sala de aula (CHEVALLARD, 1991[1985], MARTINAND, 1986; 2001). Além disso, para se analisar os objetos dedetizados, ensinados e avaliados, bem como analisar os gestos didáticos implementados durante a construção do objeto de ensino em aula, recorreu-se à noção de ferramenta/megainstrumento (SCHNEUWLY, 2004 [1994]), às reflexões sobre tarefa (DOLZ et al., 2001), às noções de apropriação tecnológica (BAR; PISANI; WEBER, 2007, CARROL et al., 2003, CARROL, 2004) e à ideia de sedimentação das práticas (SCHNEUWLY; CORDEIRO; DOLZ, 2005). Para se alcançar os objetivos propostos usaram-se a metodologia qualitativa (LÜDKE; ANDRÉ, 1986) de cunho etnográfico (ANDRÉ, 1995) e se seguiu o princípio da triangulação dos dados e uma orientação interpretativista (MOITA-LOPES, 1994). Com base nessa fundamentação, descreveram-se e analisaram-se quatro unidades do livro didático, quatro cadernos de alunos e duas provas dos 6º e 9º anos, além de se descrever e analisar quatro entrevistas com as professoras dos 6º, 7º, 8º e 9º anos e as aulas observadas. A partir da análise desse corpus, verificou-se que o professor, ao ter o livro em mãos, não se depara com um conjunto fechado de atividades escolares e tarefas, mas o ressignifica de acordo com as suas apreciações sobre o material e as necessidades dos alunos. Observou-se também que esse instrumento materializa o objeto de saber por meio de textos e tarefas, ao mesmo tempo em que o elementariza, dirigindo a atenção do professor e do aluno para algumas das dimensões do objeto. Percebeu-se ainda que o livro didático analisado e as aulas de Língua Portuguesa passam por processos de sedimentação e continuidade das práticas de ensino (SCHNEUWLY; CORDEIRO; DOLZ, 2005). Além disso, notou-se que tanto nas práticas de ensino das professoras, quanto no livro há a implementação/proposição reduzida do gesto institucionalização (síntese e explicitação dos saberes didatizados e ensinados), sendo este último quase sempre vinculado aos objetos gramaticais, indicando assim que existe uma necessidade de melhor se explorar e se sistematizar os objetos discursivos e textuais.

Palavras-chave: Livros didaticos - Língua portuguesa. Semiótica. Transposição didática. Professores - Formação. Prática de ensino.

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