Resumo

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Ser ou não ser, eis a questão : construções "Existenciais" com o verbo ser no português brasileiro contemporâneo

Elisângela Gonçalves

Orientador(a): Juanito Ornelas de Avelar

Doutorado em Linguística - 2012

Nro. chamada: T/UNICAMP - G586s


Resumo:
Adotando a versão minimalista da Teoria de Princípios e Parâmetros (Chomsky, 1995), assim como os pressupostos teóricos da Morfologia Distribuída (Halle & Marantz 1993), propomos que, no português brasileiro contemporâneo, o verbo ser adquire uma leitura “existencial” sempre que um núcleo portador do traço de grau (Deg(ree)) se encontra adjacente a v (dentro da proposta de ADGER, 2004). Assim sendo, consideramos que o D(eterminante) que nucleia a coda existencial porta traço de grau [-interpretável], o que o leva a selecionar como complemento um elemento que possua a versão [+interpretável] de Deg, isto é, a selecionar categorialmente um DP avaliativo graduável. Assim sendo, consideramos que o D(eterminante) que nucleia a coda existencial porta traço de grau [-interpretável], o que o leva a selecionar como complemento um elemento que possua a versão [+interpretável] de Deg, isto é, a selecionar categorialmente um DP avaliativo graduável. Na proposta que esboçamos (baseada na Morfologia Distribuída), a forma verbal usada nas “existenciais” é obtida por meio da combinação de traços no decorrer da computação sintática, com o item vocabular ganhando uma expressão fonética apenas após Spell-Out em PF (não vindo pronto do léxico), o que explica o fato de as “existenciais” do PB poderem ser realizadas ora com ser ora com ter ora com estar (com), segundo a hipótese de Avelar (2004), para quem, no processo de inserção vocabular, são aplicadas regras, em que o operador “+” indica a ocorrência de uma operação de fusão de traços adjacentes no componente morfológico. Assim, v (sem se fundir com qualquer traço ou núcleo) resulta na inserção de ter-existencial; ao juntar-se a Poss, recebe a matriz fonológica de ter-possessivo; ao fundir-se ao núcleo D ou associar-se ao traço-D, leva à inserção da matriz morfológica de estar-copulativo/existencial; se este complexo (v+D) se juntar a Top, a forma verbal a ser realizada será a de ser-copulativo. Em se tratando de ser-existencial, nossa hipótese é a de que a sua formação acontece conforme mostrado na estrutura em (5) abaixo, em que o operador “*” aponta a adjacência entre v e um núcleo X portador do traço Deg. Essa proposta se baseia na hipótese de que construções locativas, possessivas e existenciais possuem uma base comum, isto é, possuem a mesma estrutura subjacente, que se constitui em torno de um verbo copular (cf. LYONS, 1968, CLARK, 1978, FREEZE, 1992, AVELAR, 2004, para o português brasileiro). Fatores fundamentais para a obtenção de ser-existencial são (a) a concordância de número plural entre o verbo e o Tema, que está correlacionada ao Caso checado pelo DP pós-verbal (nominativo), bem como (b) o fato de as construções formadas com esse verbo indicarem um conteúdo avaliativo, o que leva à presença de uma categoria de grau no DP. Restrições de especificidade e definitude consistem em particularidades sintático-semânticas próprias das construções “existenciais” que as opõem às construções copulativas: de um lado, a posição de sujeito de ser tende a abrigar constituintes definidos, de outro, o DP pós-verbal nas “existenciais” são normalmente indefinidos. Isso nos leva a considerar a existência de dois tipos diferentes de ser – um “existencial” e um copulativo. Este trabalho traz, assim, a contribuição de analisar um fenômeno linguístico nunca antes estudado no português brasileiro contemporâneo, as construções “existenciais” com o verbo ser (cuja ocorrência no português foi verificada por renomados estudiosos até o século XVI), numa perspectiva estritamente formal, buscando estabelecer correlações entre construções locativas, como tem sido feito por estudiosos de diferentes línguas naturais.






Palavras-chave: Lingua portuguesa - Verbo. Gramática comparada e geral - Construções existenciais. Língua portuguesa - Morfologia. Língua portuguesa - Brasil. Programa minimalista.

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