Resumo: Neste trabalho, nos propomos a estudar a apelidação de pessoas e os apelidos de pessoa a partir da perspectiva enunciativa desenvolvida por Guimarães (2002), a Semântica do Acontecimento, tendo como corpus os apelidos de pessoa presentes na Apelista de 2011 – lista telefônica organizada por apelidos – da cidade de Cláudio (MG). Assumindo a apelidação de pessoa como uma prática enunciativa de renomear e o apelido como um tipo de nome próprio de pessoa produzido a partir dessa prática, procuraremos compreender basicamente três aspectos relacionados aos apelidos e a apelidação de pessoa: (1) o funcionamento semântico-enunciativo da apelidação de pessoa, ou nomeação lúdica de pessoa, como proporemos chamá-la, na relação com a nomeação jurídica de pessoa, a que atribui nomes jurídicos de pessoa por meio do registro civil de um Estado; (2) o funcionamento formal (fonético e morfossintático) e semântico-enunciativo dos apelidos de pessoa; (3) como é configurada a cena enunciativa da atribuição de um apelido a uma pessoa. Por meio dos resultados obtidos a partir das análises de (1), (2) e (3) será possível realizar uma reflexão sobre a prática enunciativa de apelidar no espaço de enunciação da língua portuguesa do Brasil, assim como mostrar a especificidade da apelidação e dos apelidos em relação, por exemplo, a nomeação jurídica e aos nomes jurídicos, e também inscrever a apelidação na problemática dos nomes próprios, pela distinção entre nome próprio jurídico de pessoa e nome próprio lúdico de pessoa.
Palavras-chave: Apelidos. Nome proprio. Nomeação. Enunciação. Semantica do acontecimento.