Resumo

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A obviação/referência disjunta em complementação sentencial : uma proposta sintático-semântica

Vívian Meira

Orientador(a): Sonia Maria Lazzarini Cyrino

Doutorado em Linguística - 2013

Nro. chamada: T/UNICAMP - M478o


Resumo:
Esta tese investiga padrões de referencialidade em complementação sentencial no português, italiano e grego moderno, especialmente, o fenômeno conhecido como obviação ou referência disjunta. Esta é uma restrição atestada nas línguas e se caracteriza pelo fato de o sujeito da oração subordinada ser obrigatoriamente disjunto em referência ao sujeito da oração matriz. Tradicionalmente, assume-se que a obviação é uma propriedade de complementação subjuntiva ou um fenômeno resultante, juntamente com o controle, da competição entre formas finitas/não-finitas. No entanto, os dados não condizem com essas hipóteses, já que a obviação é exibida tanto em complementação indicativa quanto nos contextos de infinitivo flexionado. Além disso, nem todo contexto volitivo exibe obviação. Assumindo a teoria de seleção semântica e a versão minimalista de subcategorização (cf. Adger, 2004), propomos que a obviação, exibida em complementação sentencial, é uma restrição semântica exigida por três tipos de predicados, os causativos, os volitivos e os perceptivos físicos, que serão tomados como predicados modais no sentido de serem capazes de impor restrições semânticas aos seus complementos. Estes predicados foram denominados de predicados de obviação, por compartilharem entre si algumas propriedades, como denotar leitura eventiva/não-epistêmica, exigir sujeito pronominal na encaixada independente referencialmente do sujeito matriz e subcategorizar complemento TP. Argumentamos ainda que esses predicados, devido ao seu caráter modal, selecionam semanticamente um traço [obviativo], que é transmitido ao sujeito da encaixada. Predicados de obviação se distinguem de outro grupo de predicado modal, os predicados de controle, por estes não permitirem que o argumento da encaixada seja disjunto do sujeito matriz. Esses dois grupos se distinguem de outro grupo de verbos que permitem referência livre, constituído especialmente por predicados epistêmicos, declarativos, dentre outros, que denotam leitura epistêmica/proposicional e subcategorizam complemento CP. Sintaticamente este grupo de predicados se distingue dos predicados de obviação por subcategorizarem estruturas distintas, pois, enquanto estes têm complemento TP, aqueles selecionam complemento CP. Para explicar por que obviação e controle são exibidos pelo predicado volitivo, propomos que há dois tipos de acepções no volitivo nas línguas: o volitivo padrão, que seleciona controle e o volitivo causativo, que exige obviação. Defendemos que o complemento infinitivo flexionado selecionado por causativo e perceptivo é uma estrutura TP, o que o diferencia da estrutura de infinitivo flexionado selecionada por factivos/epistêmicos/declarativos, que é tomado como um CP. Estes permitem referência livre e aqueles exigem obviação. Nossa proposta é mostrar que a obviação, exibida em complementação sentencial, não é um fenômeno restrito às línguas românicas ou às línguas que exibem a distinção finito/não-finito, mas são uma restrição semântica imposta por predicados de obviação os seus complementos e, devido a isso, essa restrição semântica será exibida por línguas que dispõem desses contextos em complementação sentencial.

Palavras-chave: Efeito de referência disjunta. Sintaxe. Semântica. Gramatica comparada e geral - Subjuntivo. Gramática comparada e geral - Orações subordinadas. Linguas românicas. Balcanicas, Peninsula - Línguas.

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