Resumo

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O retorno de Astréia ou Fénelon e a arte de fugir ao tempo

Tarsilla Couto de Brito

Orientador(a): Carlos Eduardo Ornelas Berriel

Doutorado em Teoria e História Literária - 2013

Nro. chamada: T/UNICAMP - B777r


Resumo:
Quando Fénelon decidiu escrever um espelho de príncipe literário para instruir o neto de Luís XIV nas artes de governar, não imaginou que seu texto fosse causar celeuma, muito menos que se produziria uma fortuna crítica tão vasta e multifacetada. Para além das leituras de caracteres com que o público da época se divertiu, descobrindo as figuras reais por detrás das personagens, um dos problemas permanentes para a interpretação de As aventuras de Telêmaco é sua classificação. O livro não se enquadra perfeitamente na narrativa antiga, nem no romance. A despeito da função moralizante-educacional do texto, o personagem Telêmaco ganha autonomia ao ser, nos primeiro livros, narrador de si mesmo. Com isso, temos acesso a uma subjetividade inteiramente nova para um texto que se pretendia pedagógico. O cará ter exemplar da epopéia homérica que inspira as aventuras é minado pelas armadilhas criadas pelos sentimentos do próprio herói na missão difícil de despojar-se de si mesmo. Por outro lado, o objetivo de seu texto prende-o às narrativas antigas de caráter moralizante – formar um rei-cristão. As aventuras de Telêmaco permanecem inscritas em um “tempo sem tempo”, em que vemos as transformações sucederem-se umas às outras, sem podermos situá-las numa linha cronológica como no romance. A discussão sobre utopia vem, assim, renovar a discussão do gênero dessas Aventuras. Defendemos que a presença de um “país de nenhum lugar”, nessa ficção pedagógica, organiza sua estrutura narrativa e orienta seus procedimentos miméticos em função dos espaços visitados. Dividida em duas partes, a presente Tese busca, em um primeiro momento, descrever o texto literário Les aventures de Télémaque de Fénelon. Em termos estritamente literários, tratamos de sua estrutura narrativa, organizada em função de modelos e de antimodelos de governo; de sua linguagem mítico-alegórica que veicula um conteúdo moral e espiritual cristão; e de seu gênero literário. Com uma revisão bibliográfica, esboçamos as razões que fizeram da publicação do Telêmaco um escândalo; e ainda as alterações de sentido e modos de interpretação que o texto sofreu ao longo de uma fortuna crítica de 300 anos. Na segunda parte, nos dedicamos à análise de Salento, o último reino visitado pelo personagem principal, como uma utopia que propõe uma volta no tempo, de modo que afirmamos seu caráter conservador. Nossa proposta de estudo leva em consideração que o Telêmaco de Fénelon não é composto apenas de idéias políticas e religiosas, mas de um conflito entre diferentes concepções de história e de arte.



Palavras-chave: Fenelon, François de Salignac de la Mothe-, 1651-1715. Querela entre antigos e modernos. Utopia.

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