Resumo

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O discurso universitário-científico na contemporaneidade : marcas e implicações na constituição identitária do pesquisador em formação

Marluza Terezinha Da Rosa

Orientador(a): Maria José Rodrigues Faria Coracini

Doutorado em Linguística Aplicada - 2013

Nro. chamada: T/UNICAMP - D11d


Resumo:
Nesta pesquisa, colocamos em discussão o discurso em formulação e circulação no âmbito universitário, compreendido não apenas como um lócus de observação, mas também de problematização e de possível transformação de sentidos já-dados, naturalizados ou reafirmados. Ancoramo-nos nos estudos discursivos, em sua relação constitutiva com a psicanálise lacaniana e com a desconstrução, viés que implica um gesto constante de reformulação teórico-conceitual. Nosso olhar se dirige ao processo de formação para a pesquisa científica – processo no qual não apenas o conhecimento, mas também os pesquisadores estão em (trans)formação –, por entendermos que, no domínio universitário em que tal processo ocorre, a ciência não é dada como pronta, diferentemente do modo como é veiculada nos discursos de divulgação científica, por exemplo. Em outros termos, tomamos como lugar de observação e problematização não o produto, mas o processo de produção e a transmissão de conhecimentos (a ciência em desenvolvimento). Nesse âmbito, mais do que os resultados, importa a inscrição do pesquisador em formação, sua constituição identitária, inevitavelmente atravessada pela heterogeneidade discursiva que permeia essa outra cena e que presentifica uma memória de dizeres. Importa “o drama subjetivo do cientista” e seus conflitos que, como fios, enodam-se, servindo como condição para esta reflexão. Com base na articulação teórico-conceitual empreendida, defendemos a hipótese de que a identidade do pesquisador em formação se constitui em um movimento tenso de aproximação-afastamento com relação a uma imagem ideal e espectral, a figura do cientista, definida e reafirmada a partir de uma matriz de sentidos que pode ser compreendida pela referência à designação ciência moderna, a qual é, também, passível de questionamento, principalmente, por seu caráter idealista. Tomamos como objeto de estudo o dizer de pesquisadores em formação de diferentes disciplinas, inscritos em três grandes áreas: ciências humanas, biológicas e exatas. A análise do corpus incidiu prioritariamente sobre regularidades linguístico-discursivas (como a recorrência da relação com o outro, de uma imagem do conhecimento científico como forma de se chegar à almejada completude, da expressão de uma revolta resignada frente aos modos de produção desse conhecimento, submetido aos discursos da universidade, da ciência e do capitalismo), presentes em segmentos recortados dos dizeres, os quais obedeceram, em sua maioria, a uma estrutura narrativa linear, com passado e presente, organizados pelo olhar retroativo de um eu-narrador. Trata-se de um modo de interpretar(-se) (n)a produção de conhecimentos, que se ancora em uma “estrutura de ficção”. Ao olhar para esses dizeres, não buscamos empreender uma metaciência, que viria lançar luz sobre certo lado obscuro dos domínios teóricos em questão, mas possibilitar a compreensão dos modos de funcionamento do(s) discurso(s) nesses domínios, potencializando o conflito e o desequilíbrio dentro das muralhas de nossa própria torre.

Palavras-chave: Ciência. Universidades e faculdades. Análise do discurso. Pesquisadores - Identidade. Pesquisadores - Formação.

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