Resumo: Se, por um lado, a poesia encarna um granus salis para a ciência da linguagem - ou é aí considerada uma excrescência, ou resta forçosamente diluída nos humores do uso quotidiano da língua -, por outro, com Jacques Lacan, ela chega decisivamente a constituir, enquanto ruptura, uma esfera indispensável à reflexão psicanalítica. O presente trabalho consiste, pois, numa articulação proposta a partir do reconhecimento dessa ambivalência. É aventada, para tanto, uma particularização do poético em meio a outras instâncias da linguagem. E, nesse sentido, suscitado pelo que Jean-Claude Milner chama de 'ponto de cessação' (O amor da língua, 1978 [2012]), são feitas distinções consideradas importantes, realizadas de modo a problematizar a questão e a procurar trazer elementos de resposta - passando por elaborações sobre o Real e a diferença - ao que são a língua, a fala e o equívoco se, tal qual entendida pela psicanálise, a poesia existe
Palavras-chave: Linguagem. Poesia. Psicanálise. Linguística.