Resumo: Este trabalho busca estudar a recepção de Madame Bovary (1857), de Gustave Flaubert, no âmbito do processo de consolidação do gênero romanesco, focalizando as mudanças pelas quais passaram os critérios de avaliação crítica de romances ao longo do século XIX, tanto na França quanto no Brasil. Por meio de pesquisa em anúncios de livrarias e em artigos publicados em periódicos oitocentistas, reunimos dados sobre a circulação e a leitura crítica desse romance no Brasil, nos primeiros anos após seu lançamento na França (1857) e após o surgimento da tradução portuguesa (1881) até a virada do século. Investigamos também a recepção da obra na França no mesmo período, recepção essa a que certamente tiveram acesso muitos homens de letras brasileiros, considerados o interesse local que havia na época pela cultura francesa e a presença de periódicos franceses em nosso país. Os resultados obtidos foram analisados à luz de processos relevantes na trajetória do gênero romanesco no século XIX, tais como as transformações do público leitor e dos parâmetros de apreciação da prosa romanesca e a circulação internacional dos impressos.
Palavras-chave: Flaubert, Gustave, 1821-1880 - Crítica e interpretação. Ficção - Séc. XIX - História e crítica. Leitura. Leitores - Reação critica. Ficção francesa - Séc. XIX. Periodicos - Circulação.