Resumo: Neste estudo observamos o modo como alguns discursos sobre a educação posta pelas políticas públicas de ensino significam a posição de professor e sustentam a necessidade da formação continuada. Selecionamos como corpus o programa Gestão da Aprendizagem Escolar (Gestar II), inserido em Mato Grosso, em 2009, e analisamos o portifólio de um professor participante, produzido como forma de avaliação do Curso. Iniciamos nosso percurso refletindo sobre a relação entre Conhecimento, Estado e Sociedade para compreender como se dá a institucionalização do saber sobre a língua no Brasil e o processo de sua produção e circulação nas Instituições, sobretudo, na Escola. Refletimos também sobre o modo como o indivíduo, afetado pela língua, é interpelado em sujeito pela ideologia. E isto produz a forma-sujeito-histórica capitalista, que por sua vez, produz o processo de individualização do sujeito pelo Estado, responsabilizando-o e fazendo funcionar a relação entre direitos e deveres. Observamos este funcionamento nas políticas públicas de ensino de modo geral e, em particular, nos cursos de formação continuada de professores. As análises mostraram que a posição sujeito-professor enquanto sujeito jurídico e sujeito de conhecimento resultam das formações imaginárias, que refletem no seu discurso as formações ideológicas com as quais se identifica e se constitui. Vemos seus efeitos materializados nas discursividades do próprio professor, (re)atualizando os sentidos da falta constitutiva, sempre presente no processo de escolarização. Desse modo, o consenso produzido pelas políticas públicas de ensino, ao colocar o professor como mediador do aluno na relação com o conhecimento, acaba atribuindo a ele a responsabilidade pelo fracasso escolar, apagando todo o processo sócio-histórico que o produz.