Resumo

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O discurso narrativo nas afasias = The narrative discourse in aphasias

Mirian Cazarotti-Pacheco

Orientador(a): Rosana do Carmo Novaes Pinto

Doutorado em Linguística - 2012

Nro. chamada: T/UNICAMP - C318d


Resumo:
Esta tese tem como principal objetivo apresentar e discutir o discurso narrativo oral - que se revelou como aquele que mais resiste nas afasias - como (i) um espaço privilegiado para a análise dos impactos das afasias na linguagem dos sujeitos tanto no nível do sistema linguístico - para avaliar, por exemplo, as dificuldades de combinação e seleção de elementos (fonético-fonológicos, sintáticos e semântico-lexicais) - como aspectos pragmáticos e discursivos; (ii) um contexto no qual se pode observar e analisar as soluções criativas encontradas pelos afásicos para driblar suas dificuldades e (iii) um espaço para o trabalho de reorganização linguístico/cognitiva no acompanhamento terapêutico. A narrativa, dessa forma, pode ser compreendida também como uma metodologia que possibilita eliciar dados singulares, uma vez que são produzidos em situações efetivas de uso da linguagem. Para o desenvolvimento do trabalho, foram selecionados onze episódios narrativos, produzidos dialogicamente entre sujeitos afásicos e não-afásicos em sessões coletivas e individuais do Grupo III do Centro de Convivência de Afásicos (CCA), vídeo-gravados e posteriormente transcritos e analisados segundo metodologia qualitativa, de cunho indiciário (cf. GINZBURG, 1986/1989). Todos os sujeitos afásicos que participaram desta pesquisa produziram narrativas, mesmo aqueles com afasias consideradas graves do ponto de vista da produção. Buscamos analisar os elementos constitutivos de cada episódio narrativo considerando-se as categorias postuladas por Labov & Waletsky (1967) e mobilizando também conceitos bakhtinianos para explicitar os processos que os afásicos percorrem para se aproximar de seu querer-dizer (como enunciado, acabamento, conclusibilidade etc), assim como questões relativas à ética que deve orientar os processos terapêuticos. As práticas sociais de linguagem, em situações de uso efetivo, possibilitam que o afásico exerça seu papel de sujeito ativo nos círculos sociais dos quais faz parte, mesmo nos casos considerados "graves". O trabalho orientado pelas teorias enunciativodiscursivas privilegia os sujeitos e não a sua patologia; dão vez e voz aos afásicos, demanda que o seu interlocutor se constitua verdadeiramente como "parceiro da comunicação verbal" (cf. BAKHTIN, 1979/2010), que se coloque disponível para a escuta (cf. PONZIO, 2010).

Palavras-chave: Afasia. Análise do discurso narrativo. Neurolinguística. Fonoaudiologia.

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