Resumo

Versão para impressão
O que há de materno na língua? : considerações sobre os sentidos de língua materna no processo de gramatização brasileira nos séculos XIX e XX

José Edicarlos de Aquino

Orientador(a): Carolina Maria Rodríguez Zuccolillo

Mestrado em Linguística - 2012

Nro. chamada: T/UNICAMP - Aq56o


Resumo:
Os sentidos da expressão língua materna no período inicial do processo de gramatização brasileira constituem o objeto de investigação deste trabalho, que assume uma concepção histórica e discursiva do sentido e se assenta em um campo teórico-metodológico que considera constitutiva a relação entre história do saber metalinguístico e história da língua, a História das Ideias Linguísticas. Para situar historicamente a questão, realiza-se primeiramente um estudo da emergência da expressão língua materna no Ocidente. Partindo-se da análise geral dos primeiros registros conhecidos da expressão no Ocidente, analisa-se especificadamente o funcionamento da expressão nas gramáticas de Júlio Ribeiro e de Alfredo Gomes no Brasil da virada do século XIX para o XX, de forma a compreender como ressoam nas obras dos autores brasileiros os sentidos de língua materna construídos ao longo de séculos na Europa. A hipótese apresentada é a de que língua materna é uma construção histórica cujos sentidos acompanham fortemente o processo de gramatização e constituição das línguas nacionais e do Estado nacional. Diante da ausência de registros anteriores ao século XII, a expressão língua materna é considerada uma invenção medieval, empregada inicialmente em latim nos textos da Igreja, como forma de contrapor essa língua aos vernáculos emergentes. Na passagem da Idade Média ao Renascimento, momento da gramatização massiva das línguas do mundo a partir da tradição greco-latina, realiza-se a superposição entre os sentidos de língua materna e língua nacional, em um passo que leva à construção da evidência de língua materna como primeira língua, língua do território, língua que se contrapõe à língua estrangeira, sentidos mobilizados na Antiguidade Clássica pelas expressões patrius sermo e patria lingua, o que depõe contra o próprio mérito da evidência sofrido pela expressão língua materna. No Brasil, onde gramatização também está em correspondência com a formação da nação e com a questão da língua nacional, os sentidos da expressão língua materna apontam questões como o reconhecimento de uma identidade linguística brasileira e a legitimação de um saber sobre a língua portuguesa no país

Palavras-chave: Língua materna. Ideias linguisticas - História. Gramática comparada e geral - Gramatização. Análise do discurso.

. Rua Sérgio Buarque de Holanda, no 571
Campinas - SP - Brasil
CEP 13083-859

...

IEL - Based on Education theme - Drupal Theme
Original Design by WeebPal.