Resumo: Este trabalho visa compreender o modo de funcionamento do discurso da Inclusão Digital no Projeto Barracão: Eldorado dos Carajás, projeto de extensão na linha de Arte e Cultura, com vistas ao social, aprovado em edital pelo Ministério da Educação e executado pelo Laboratório de Estudos Urbanos da Universidade Estadual de Campinas. A pesquisa parte da perspectiva teórica da Análise de Discurso de linha francesa, tendo como base teórica fundamental os conceitos e reflexões de Michel Pêcheux e Eni Orlandi. Outros autores ainda colaboram com nosso quadro teórico, dentre os quais destaco Félix Guattari e suas reflexões sobre a subjetividade e Michel Foucault com suas reflexões acerca do saber, do poder e da política. A partir de uma análise das atividades do projeto, buscamos compreender o modo de funcionamento do discurso de Inclusão Digital no processo de subjetivação dos sujeitos e individualização dos mesmos pelo Estado. Desenvolveremos tal questão a partir das seguintes perguntas: como o discurso da Inclusão Digital produz sentido no Barracão? De que forma(s) esse processo funciona na subjetivação dos sujeitos e na individualização dos mesmos pelo Estado, tendo em vista sua natureza contraditória constitutiva? Embasados por conceitos da Análise de Discurso como o de equívoco, contradição e coisas-a-saber, damos foco aos enunciados/dizeres produzidos durante as oficinas, principalmente durante as oficinas de informática que ocorreram em novembro de 2011, além dos questionários que foram utilizados nas mesmas. Pretendemos, com este trabalho, sustentar a posição de que o discurso da inclusão é essencialmente contraditório, na medida que ele próprio produz os sentidos da exclusão.
Palavras-chave: Inclusão social. Inclusão digital. Políticas públicas. Subjetivação. Análise do discurso.