Resumo

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Auto e peregrinação : a metáfora da caminhada no "Auto da alma" e em "Morte e Vida Severina"

Lígia Rodrigues Balista

Orientador(a): Jeanne Marie Gagnebin De Bons

Mestrado em Teoria e História Literária - 2012

Nro. chamada: T/UNICAMP - B198a


Resumo:
O objetivo dessa dissertação de mestrado foi analisar a metáfora da caminhada, a partir da leitura comparativa entre duas obras: Auto da Alma, de Gil Vicente, e Morte e Vida Severina - Auto de Natal Pernambucano, de João Cabral de Melo Neto. Procurei investigar como essas produções desenvolvem, a partir do trabalho com poesia e com o auto, a caminhada como imagem central de construção do texto: em ambos, são personagens em deslocamento espacial e temporal que protagonizam os poemas. Partindo da revisitação a textos da tradição cristã e a textos literários que trabalham com a tópica da peregrinatio, levantei alguns temas e imagens comuns relativos à peregrinação, que guiaram minha leitura comparativa. Além da própria metáfora de vida como caminho e/ou peregrinação, há a questão da ajuda divina para essa realização, bem como os perigos de desvio e do cansaço; as paradas para descanso (e os diferentes valores atribuídos ao parar); a questão do nome/singularidade (ou possibilidade de representação de outros personagens) do peregrino central; as vestimentas que o viajante porta, ou das quais se desfaz ao longo da caminhada; a questão do alimento recebido (ou da falta dele) ao caminhar; assim como o que, intrinsecamente, constitui esse tipo de viagem: a partida e a chegada, e as dificuldades ao longo do caminho. As diferenças de contexto da produção de cada auto foram retomadas e discutidas, a fim de entender as diferenças de significação no aproveitamento que João Cabral faz do gênero através do qual Gil Vicente tanto escreveu. Um dos objetivos finais da pesquisa foi procurar entender por que o poeta brasileiro usa uma matéria cristã-católica em um texto de explícita crítica social. Encerrei, então, discutindo as implicações da construção de um auto natalino dentro do auto: como a afirmação de outra vida severina vem ao final do poema para mostrar o comprometimento coletivo com a caminhada.

Palavras-chave: Vicente, Gil, ca.1465-1536?. Auto da alma - Crítica e interpretação. Melo Neto, João Cabral de, 1920-1999. Morte e Vida Severina - Crítica e interpretação. Caminhada. Teatro - Aspectos religiosos. Peregrinos e peregrinações.

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