Resumo

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De um discurso que não fosse ideologia : contribuições para uma teoria lacaniana da ideologia

Luigi Barichello

Orientador(a): Nina Virgínia de Araújo Leite

Doutorado em Linguística - 2012

Nro. chamada: T/UNICAMP - B239d


Resumo:
Este trabalho tem por objetivo observar a relação entre discurso e ideologia a partir da possibilidade de leitura e desnaturalização do axioma que assevera que "todo discurso é ideológico". A existência de tal axioma reafirma a coextensão da ideologia a todas as esferas do cotidiano, até mesmo à possibilidade de negação do referido axioma (a qual, em si, já seria portanto igualmente ideológica). Tal consideração e escopo podem vir a suscitar a crença de que já que lidamos apenas com ficções simbólicas e nunca com a "realidade ela mesma", poderíamos abrir mão, assim, da própria crítica da ideologia. Essa afirmação totalizante é então interpelada nesse trabalho como forma de se atualizar a pertinência e alcance da leitura e crítica da ideologia, propondo-se uma análise atravessada pela psicanálise de orientação lacaniana, tendo por objetivo sublinhar a importância e validade daquilo que "falha" na articulação significante. E, ousamos dizer, na própria interpelação ideológica. Ao registro da ideologia, então, é aproximada a noção de fantasia oriunda da teoria psicanalítica, cuja possibilidade de vínculo fora proposta pelo filósofo esloveno Slavoj ¿i¿ek. Por vislumbrar o [des]encontro do efeito e produto da cadeia significante - respectivamente o sujeito e o objeto - o matema da fantasia se mostra frutífero em uma leitura da ideologia que tencione fazer comparecer à teorização não apenas o jogo significante, mas aquilo que nele é convocado e produzido. A inclusão do sujeito e do objeto abre então uma via profícua para a entrada da teoria dos discursos forjada por Jacques Lacan, uma vez que, em sua estruturação, estão postos, justamente, a articulação da cadeia significante, o sujeito e o objeto. A tomada do discurso convoca, por sua vez, a pertinência do gozo, o qual origina e também é visado pela movimentação discursiva, e cuja impossibilidade de acesso ao falante não é sem conseqüências, trazendo à cena a relação entre saber e verdade. E é na consideração de tais registros, pois, que residiria a pertinência de uma leitura da ideologia calcada não apenas na articulação da cadeia significante, mas naquilo que nela falha. Desse modo, entrevemos um passo a mais na crítica da ideologia, resgatando a possibilidade de "furo" no ideológico. E articulando, assim, uma possível contribuição para uma teoria lacaniana da ideologia.

Palavras-chave: Zizek, Slavoj, 1949-. Discurso. Ideologia. Fantasia. Inconsciente. Psicanálise lacaniana.

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