Resumo

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Discursos sobre a milícia: nomes, vozes e imagens

Greciely Cristina da Costa

Orientador(a): Eni de Lourdes Pulcinelli Orlandi

Doutorado em Linguística - 2012

Nro. chamada: T/UNICAMP - C823d


Resumo:
Analisamos, neste trabalho, processos discursivos desencadeados pelo funcionamento da denominação milícia. Essa denominação começou a circular na mídia, em 2006, para se referir à polícia (junto a outros agentes de segurança pública) que invade áreas de favelas, impondo um domínio, intervindo nas relações sociais, a partir da instauração de um dispositivo normativo. Diante desse acontecimento discursivo, perguntamos: por que chamar a polícia de milícia? A partir dessa questão, investigamos quais são os efeitos metafóricos produzidos por essa e outras substituições, que funcionam em discursos sobre a milícia, a saber: discurso de moradores do Rio de Janeiro, discurso jurídico, discurso jornalístico. Examinamos ainda o discurso de imagens. Nesse percurso, abordamos quatro pontos principais. São eles: i) o de que, em certa instância, essa denominação recobre a violência policial ao dar outro nome à polícia, ou seja, desvincula milícia da Instituição Polícia; ii) por outro lado, é o lugar de policial que configura e sustenta o sentido de milícia enquanto protetora; iii) todavia, tem sua prática associada a grupos criminosos, é então significada como criminosa, um desdobramento da polícia; iv) e a existência da milícia está ligada a um espaço material político-simbólico determinado: a favela, pois é nesse espaço que ela tem sua prática instaurada. Esses quatro pontos, que sinalizam sentidos para milícia, levaram-nos a pensar sobre a construção discursiva dos referentes não só na relação com essa denominação, mas com outras que são mobilizadas no decorrer das análises, visando compreender o processo de produção de efeitos de evidência posto em movimento por diferentes sujeitos, em distintos discursos. Nomes, vozes e imagens, permeados de equívocos, são focalizados nesse processo, no qual os sentidos deslizam, se movimentam, se inscrevem, se significam e resignificam. Observamos que nomear, seja denominando ou renomeando, é explicitar o silêncio que dispersa o discurso dos sujeitos moradores, é tornar visível a indistinção de sujeitos, afetada pelos efeitos da indeterminação, é trabalhar com a diluição dos sentidos, que, por sua vez, são sempre constituídos por relações. É, ainda, situar-se na fronteira em que o dito, o dizível e o silenciado constituem discursos sobre, dentro do jogo de formações imaginárias, da interpretação e da ideologia.

Palavras-chave: Análise de Discurso; Rio de Janeiro - Milícia; Denominação (Lingüística); Ideologia

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