Resumo

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Ordem de palavras, movimento do verbo e efeito V2 na históroia do espanhol

Carlos Felipe Pinto

Orientador(a): Charlotte Marie Chambelland Galves

Co-orientador(a): Josep Maria Fontana Mendez

Doutorado em Linguística - 2011

Nro. chamada: T/UNICAMP - P658o


Resumo:
Esta Tese discute a mudança na ordem de constituintes e no posicionamento do verbo finito na história do espanhol europeu. Fontana (1993) propõe que o espanhol antigo era uma língua V2 simétrica, como o iídiche e o islandês atuais, na qual o verbo se movia para Iº e SpecIP era uma posição A-Barra. Zubizarreta (1998) propõe que, no espanhol atual, o verbo também se mova para Iº e que SpecIP ainda seja uma posição A-Barra. Neste sentido, se entende que a proposta de Zubizarreta (1998) é a de que as duas fases da língua são estruturalmente idênticas; contudo, o que os dados de Fontana (1993) mostram é que há diferenças estruturais importantes entre elas.
O Capítulo 01 se concentra na discussão formal do efeito V2 nas línguas germânicas, que são consideradas as línguas V2 prototípicas, enfatizando: a) qual é o gatilho para o movimento do verbo; b) o que desencadeia a variação na manifestação do efeito V2 nas orações subordinadas fazendo com que algumas línguas apresentem efeito V2 irrestritamente e outras só apresentem efeito V2 nas orações matrizes. É proposta uma análise unificada em que, em ambos os casos, o verbo sempre se move para Cº em orações matrizes e que a variação no traço [±asserção] é o responsável pela variação do efeito V2 nas orações subordinadas.
O Capítulo 02 apresenta os dados do espanhol antigo e do espanhol atual. O trabalho se concentra em orações finitas e declarativas. Mostra-se que há aspectos que não distinguem superficialmente as duas fases, como a quantidade de constituintes pré-verbais, a posição do sujeito em relação ao verbo simples e a relação do verbo com os advérbios e o objeto direto. Por outro lado, há aspectos superficiais que diferenciam claramente as duas fases, tais como o posicionamento dos clíticos, a ordem O-V e a retomada clítica, a posição do sujeito nos complexos verbais, a ordem XP-V e a posição do sujeito. O Capítulo conclui que a diferença entre as duas fases, com relação às ordens V1, V2 e V>2, é qualitativa e não quantitativa e que o espanhol antigo possuía variação gramatical, apresentando uma gramática semelhante à gramática atual e uma gramática V2.
O Capítulo 03 propõe uma análise formal para os fatos discutidos no Capítulo 02. Discute-se a posição do sujeito, propondo que os sujeitos pós-verbais se movem sempre do VP e que os sujeitos pré-verbais podem ter também uma posição dentro do IP. Com relação à ordem O-V e a duplicação clítica, se mostra que a diferença entre as duas fases está relacionada com a noção de operador. Por fim, se discute o movimento do verbo e é proposto que, no espanhol atual, o verbo se mova unicamente para Iº (tanto em orações neutras como em orações marcadas) e, no espanhol antigo, na gramática V2, o verbo se mova generalizadamente para Cº.
O Capítulo 04 procura explicar a mudança gramatical de uma fase para a outra, relacionando questões da história interna com aspectos da sócio-história. Assume-se que a aquisição da linguagem é o lugar da mudança lingüística; faz-se um rápido panorama da formação do espanhol e se sugere que o efeito V2 encontrado no espanhol antigo é decorrente de influências germânicas, através do contato de línguas e transmissão lingüística irregular. A perda do efeito V2 é explicada por uma mudança paramétrica devido a uma alteração no input ao qual as crianças dos Séculos XV e XVI eram expostas. O Capítulo termina discutindo uma possível influência do espanhol na perda do efeito V2 no português europeu.
As conclusões gerais são as seguintes: a) línguas V2 apresentam sempre movimento do verbo para CP em orações matrizes e têm as orações subordinadas abertas a parametrização (não existe V2 em IP, que é sempre uma projeção A); b) o espanhol antigo e o espanhol atual não são o mesmo tipo de gramática, mesmo que superficialmente possam produzir enunciados semelhantes.


Palavras-chave: Sintaxe gerativa; Língua espanhola - Europa - História; Língua espanhola - Ordem das palavras; Verbo em segunda posição

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