Resumo

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O mar e a selva : relato da viagem de Henry Major Tomlinson ao Brasil : estudo e tradução

Hélio Rodrigues da Rocha

Orientador(a): Carlos Eduardo Ornelas Berriel

Doutorado em Teoria e História Literária - 2011

Nro. chamada: T/UNICAMP - R582m


Resumo:
Estudar as representações da Amazônia brasileira e elaborar a tradução de The Sea and the Jungle, de Henry Major Tomlinson, são os objetivos centrais desta tese. O autor deste relato de viagem é um jornalista britânico que, em dezembro de 1909, dispensado de seus ofícios no Morning Leader, embarcou no navio S. S. England, em Swansea, País de Gales e, depois de cruzar o oceano Atlântico, aportou em Belém, Pará Brasil, e dali seguiu, via rios Pará, Amazonas e Madeira para Porto Velho, atual capital do Estado de Rondônia, ponto inicial da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. O navio levava suprimentos e maquinaria para a ferrovia. É justamente ao longo de parte de seu traçado, na extensão entre Porto Velho e a cachoeira Caldeirão do Inferno, que esse peregrino empreende uma excursão tendo com guia o texano Marion Hill, com quem se encontrou ao chegar aquele porto em plena selva. O Mar e a Selva é um relato que estabelece fios tessitivos com Odisséia de Homero, e se compõe, portanto, tanto de histórias de marinheiros e de aventuras do herói, quanto de descrições de um mundo real e fictício que contribuem na constituição do sujeito. Em se tratando de um discurso de um viajante-peregrino adota-se, então, certos paradigmas: a noção de discurso e "artes da existência" cunhadas por Michel Foucault: a primeira em A arqueologia do Saber e A ordem do discurso e, a segunda, em A história da sexualidade: o uso dos prazeres: adota-se também alguns conceitos advindos dos Estudos Pós-Colonialistas, Utópicos, Crítica Literária, Filosofia e Estética. O Mar e a Selva é um espelho que reflete e refrata uma determinada realidade social de dois mundos, o do viajante o do viajado, ou seja, o do nativo e, a partir dessa "dança de espelhos", investiga-se em que medida o narrador critica sua sociedade pelos olhares que lança a outras comunidades amazônicas. Além disso, verifica-se como ele reconstrói a si mesmo a partir da convoação de antigos viajantes (Hakluyt, Humboldt, Wallace, Bates), de escritores como H. D. Thoreau, D. Emerson, F. Drake, H. Spruce, W. Pikes, Raleigh, Burkey, Defoe; de personagens bíblicos (moisés, Jonas, Josué), de lendas e mitos greco-romanos ao palco de sua composição literária e, conjuntamente, do "si mesmo". O eixo argumentativo desta tese é que este relato apresenta-se, em primeiro lugar como uma crítica apolítico-moral à Inglaterra e ao Brasil e serve como um exercício
de elevação dos pensamentos rumo ao Sublime, "a alma do corpo retórico", diz Wheiskel via Longino. Em segundo, as representações da Amazônia a configuram ora como o Campos Elísios, ora como o Tártaro. Assim, alto e baixo, vastidão e infinitude, luz e trevas, vilania e nobreza, paraíso e inferno, feiúra e beleza, ordem e desordem, vida e morte se entrelaçam no percurso do viajante ideal, porque capaz de compor um relato que é a "arte da existência" de um eu distendido.


Palavras-chave: Tomlinson, H. M., (Henry Major), 1873-1958. The sea and the jungle - Tradução e interpretação. Escritos de viajantes ingleses - Brasil - História e crítica. Viajantes na literatura.

. Rua Sérgio Buarque de Holanda, no 571
Campinas - SP - Brasil
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