Resumo: Na fronteira entre o domínio da análise do discurso, a área de história das idéias lingüísticas e a de saber urbano e linguagem, esta tese busca compreender os modos de inscrição do saber no discurso sobre a cidade. Partimos do pressuposto de que o saber se legitima tanto institucional quanto quotidianamente e de que o espaço, assim como a linguagem e os sujeitos, assume formas-históricas determinadas materialmente. Ao buscar na história de construção das cidades vestígios da construção do saber no espaço nacional, mostraremos, primeiramente, como se dá a identificação dos sujeitos ao urbano através da poesia inscrita na língua; num segundo momento, definiremos as especificidades dessa identificação relativamente ao paralelismo entre os processos de gramatização e urbanização e à construção dos monumentos urbanos enquanto patrimônio. A cidade é, pois, junto com a língua nacional e a historiografia, um lugar imaginário de unificação da nação pela criação e afirmação de um nós nacional. Procurando a sustentação quotidiana dessa unidade, examinaremos, finalmente, a imbricação entre o nome próprio e a imagem na espacialização do urbano em recortes da história brasileira. Nossas análises mostram que tanto o nome quanto a imagem fazem existir um espaço uno no interior da história que o funda. A partir da observação da cidade desde sua origem européia a seus desdobramentos coloniais, compreendemos a formação do espaço brasileiro em função do processo de transposição, que ressignifica os objetos de saber em relação ao seu espaço de produção. Essa é sua resistência. O saber é entendido, portanto, como uma forma-histórica do conhecimento que especifica no espaço um efeito da temporalidade. A cidade brasileira situa um saber onde urbanidade e nacionalidade se confundem e que se localiza também no silêncio que espacializa os sentidos.
Palavras-chave: Análise do discurso. Ideias linguisticas - História. Espaço urbano - Linguagem. Patrimonio historico - Brasil. Monumentos - Brasil - História.