Resumo

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A perda de subida de clítico no português brasileiro : séculos XIX e XX

Fernanda Elena de Barros Reis

Orientador(a): Sonia Maria Lazzarini Cyrino

Mestrado em Linguística - 2011

Nro. chamada: T/UNICAMP - R277p


Resumo:
Este trabalho apresenta um estudo sobre a perda de subida de clítico no português brasileiro (PB) do século XIX até a primeira metade do século XX, bem como alguns estudos presentes na literatura para dar conta desse fenômeno a partir de uma análise formal e inserida no quadro teórico da Gramática Gerativa, observando como eles podem ser aplicados para os dados do PB. Por "subida de clítico" deve-se entender casos em que se tem, em uma construção com dois ou mais verbos, um clítico ligado a um verbo que não lhe atribuiu papel temático. As línguas românicas, em geral, apresentam tal fenômeno. O PB, no entanto, o perdeu, a não ser no caso da construção passiva. Para Gonçalves (1996), a obrigatoriedade de subida de clítico é uma propriedade que todo auxiliar deve apresentar, pelo menos no português europeu. Estudos sobre a auxiliaridade no PB (como Lunguinho, 2009; Corso, 2002) não consideram tal propriedade, uma vez que se perdeu a subida de clítico. Assim, seus resultados diferem, em partes, daquele de Gonçalves (1996). Procuramos, então, investigar o que a subida de clítico pode revelar sobre a estrutura das construções dos auxiliares tanto do PB como de outras línguas que apresentam o fenômeno. Cyrino (2009) propõe que a subida de clítico se dá, nas línguas românicas, porque há o movimento de um XP para a posição de especificador da projeção do verbo auxiliar. Segundo a autora, o PB teria perdido tal movimento, uma vez que se perdeu o contexto que o permitia - um T não-finito transparente, que teria sido reanalisado. Ao analisarmos as diferenças entre o particípio da construção passiva e o da construção de tempo composto, propomos que este tem T não-finito, enquanto, aquele, não. Assim, se explicaria o fato de a passiva ainda permitir subida de clítico no PB atual. A questão da perda da subida de clítico foi, também, observada a partir da perspectiva diacrônica. Apesar de os estudos sobre a diacronia da posição de clítico no PB apresentarem resultados por "grupos verbais" (como Cyrino, 1996; Pagotto, 1992; Carneiro, 2005; Nunes, 2009), tais construções são analisadas de forma geral ou, quando apresentam resultados mais detalhados, são divididas (i) ou a partir de noções diversas de auxiliaridade (ii) ou, então, por forma do verbo principal (infinitivo, gerúndio ou particípio), o que pode não ser tão revelador, uma vez que, no PB atual, a construção passiva ainda permite subida de clítico, apesar de a construção de tempo composto não a permitir. Neste estudo, encontramos somente um caso de clítico que poderia ser proclítico ao verbo principal em uma construção passiva (mas o dado é ambíguo), enquanto, para os outros tipos de construções, o clítico nessa posição, de forma geral, vai aumentando a cada período. Isso poderia reforçar a idéia de que a mudança que causou a perda de subida de clítico no PB não afetou a passiva, provavelmente porque essa construção não teria um T não-finito (e os casos de não-alçamento na passiva deveriam ser explicados, então, por outra mudança)

Palavras-chave: Lingua portuguesa - Cliticos. Gramatica comparada e geral - Auxiliares. Lingua portuguesa - Brasil. Mudança linguistica.

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