Resumo: Crianças acometidas pelo Déficit Específico de Linguagem (DEL) apresentam dificuldades na composição da estrutura gramatical de sua língua. Uma das dificuldades mais documentadas refere-se à morfologia de tempo, sendo que esta categoria funcional pode ser omitida assistematicamente ou substituída de forma irregular. Tempo e Aspecto encontram-se relacionados intrinsecamente, impossibilitando o estudo do primeiro sem a observação do segundo. Estudos anteriores referem que crianças com DEL apresentam bom reconhecimento de temporalidade (passado, presente e futuro), mas encontram relativa dificuldade em compreender a relação entre eventos completos/ incompletos e o passado progressivo (aspecto gramatical imperfectivo). Este comportamento seria resultado de uma baixa sensibilidade às propriedades aspectuais, evidenciada pela pouca ou nenhuma variação tilde;o do desempenho com relação ao aspecto lexical. Tais resultados referem-se a pesquisas com crianças anglófonas, já o presente estudo buscou verificar se o mesmo ocorre em crianças com DEL adquirindo o português brasileiro. Resultados encontrados demonstram que os indivíduos participantes apresentam variações em seu comportamento que podem ser atribuídas à presença do aspecto lexical, enfraquecendo a hipótese da insensibilidade aspectual, ao menos no que se refere ao português brasileiro. Outra questão abordada foi a distinção entre evento e não-evento por meio de pares de figuras representando um evento e um objeto tanto com verbos e nomes existentes na língua como com novos ou pseudopalavras. O que se viu foi o melhor desempenho com verbos, demonstrando sensibilidade às pistas morfológicas ao menos com palavras pertencentes ao léxico.
Palavras-chave: Déficit Específico de Linguagem em crianças. Gramática comparada e geral - Análise. Gramatica comparada e geral - Tempo verbal. Gramatica comparada e geral - Lexicologia.