Resumo

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Modos de escrever : tradição oral, letramento e segunda língua na educação escolar wajãpi

Lilian Abram dos Santos

Orientador(a): Terezinha de Jesus Machado Maher

Doutorado em Linguística Aplicada - 2011

Nro. chamada: T/UNICAMP - Ab83m


Resumo:
Nesta tese, apresento uma análise de textos em português como segunda língua, escritos por adultos Wajãpi que participam de cursos de formação ministrados pelo Iepé, uma organização não-governamental. Os cursos de formação de Magistério Wajãpi, Formação de Agentes de Saúde Wajãpi e Formação de Pesquisadores Wajãpi são desenvolvidos de acordo com as orientações político-pedagógicas da política pública atualmente vigente no Brasil para a Educação Escolar Indígena. Meu objetivo foi investigar, a partir da análise da produção escolar dos alunos, as relações entre oralidade e escrita presentes na segunda língua. Mais especificamente, conduzi a pesquisa na tentativa de compreender de que forma os textos por eles escritos apresentavam, em sua composição, marcas de modos orais de transmissão e quais eram os significados dessas marcas. Foi possível verificar que os textos apresentam forte influência da transmissão oral, sobretudo nos aspectos relacionados ao predomínio da tipologia narrativa, à remissão constante à memória coletiva do grupo, aos modos particulares de apresentar o discurso reportado e o fechamento narrativo. A questão que direcionou a pesquisa foi motivada pelo fato de os Wajãpi serem um povo que tradicionalmente usa a oralidade para a transmissão e produção de seu conhecimento. O contato desse povo com práticas sociais letradas é bastante recente. Formas letradas de comunicação passaram a se fazer presentes nesse contexto somente após o contato realizado com a FUNAI (Fundação Nacional do Índio), na década de 1970. Nas duas décadas seguintes, foram implantados em território Wajãpi um posto da FUNAI, postos de saúde, escolas e começou a ocorrer o curso de formação de professores wajãpi, que, posteriormente, se formalizou em Magistério Indígena. Em 1998 tem início a formação em saúde e no começo dos anos 2000, a Formação de Pesquisadores é iniciada. Ao longo desse mesmo período, os Wajãpi se envolveram com a demarcação do que hoje é a Terra Indígena Wajãpi e criaram duas associações representativas, com sede na cidade de Macapá, capital do estado onde está localizado seu território. Diretamente envolvidos nesse processo, estão os jovens e adultos, a maioria do sexo masculino, autores dos textos aqui analisados. A pesquisa que deu origem a esta tese é qualitativa, de base interpretativista, não havendo, portanto, a pretensão de que seus resultados sejam considerados universais ou conclusivos. Ao contrário, esses resultados devem ser lidos como parciais e temporários. Importa considerar também que minha análise e interpretação dos dados não devem ser vistas como totalmente objetiva e neutra, levando-se em consideração minha inserção pessoal no tema. A expectativa é que os resultados da pesquisa empreendida possam contribuir para, em primeiro lugar , demonstrar a existência e o sentido dessas marcas de modos orais de transmitir o conhecimento. Espero, além disso, poder contribuir com o debate necessário acerca das diferenças entre modos letrados e predominantemente orais de produção e transmissão de conhecimento. Por último, é também minha expectativa, subsidiar o ensino da escrita em português, no contexto Wajãpi.

Palavras-chave: Indios Wajãpi. Educação escolar. Aquisição da segunda linguagem. Língua portuguesa - Estudo e ensino. Tradição oral. Letramento.

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