Resumo

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Estilo e ethos prévio em peças publicitária da Coca-cola Brasil: estratégia para seduzir o consumidor verde

Maria Angélica de Oliveira Penna

Orientador(a): Anna Christina Bentes da Silva

Doutorado em Linguística - 2011

Nro. chamada: T/UNICAMP - P381e


Resumo:
Neste texto, proponho uma reflexão sobre a produtividade de mesclar as noções de estilo, concebido sob a perspectiva bakhtiniana proposta por Coupland (2001) e ethos prévio, com base em Ruth Amossy (2005), para a ativação de múltiplas dimensões em uma análise estilística de caráter textual-discursivo, uma vez que essas noções parecem complementares entre si e emergem de operações estratégicas de e sobre vozes sociais, manifestas textualmente. Para pensar o estilo, nos texto, importo da Sociolinguística, a noção de Coupland (2001), para quem o estilo, na fala, configura-se como manejo de personas: projeções contínuas de versões do self [entendido como uma construção de natureza sociointeracional], complementares ou compatíveis com a expectativa da audiência. O corpus compõe-se de peças publicitárias da Coca-cola Brasil veiculadas em jornais e revistas direcionados a um público A e B [Jornal Folha de São Paulo; Revista Veja; Revista Língua Portuguesa]. São peças que evidenciam atitudes positivas da empresa e que, além de agregarem valor à marca, constroem, a partir de uma avaliação prévia da expectativa da audiência, um ethos socialmente responsável. A hipótese é de que o estilo, concebido como manipulação estratégica das vozes da heteroglossia, tira partido de um ethos [prévio] de enunciador pressuposto na expectativa da audiência e constroi uma imagem de si [ethos] em consonância com essa expectativa, conferindo eficácia ao discurso. Observei que a publicidade da Coca-cola Brasil vende um efeito de comunhão de valores e adesão a projetos, mais que produtos – o que não seria instigante se a marca não se confundisse, no imaginário social, com o refrigerante que prototipicamente a representa, sobre o qual recaem discursos que apontam para uma direção contrária à da sustentabilidade. Meu interesse, ao analisar peças da Coca-cola Brasil, não está nas verdades que as peças possam ou não veicular; mas no como a autoria responsável pelo marketing opera com e sobre vozes sociais e como essa operação se manifesta organicamente nos textos. O pressuposto é de que a língua se configura como prática/ ação social e que essa configuração se materializa nos discursos/textos pela forma singular de operar sobre as vozes sociais e de manipulá-las estrategicamente para produzir sentidos nos encontros sociais. O embasamento para a proposta de articulação entre estilo e ethos prévio é propiciado por categorias filosóficas bakhtinianas, a saber, as noções de heteroglossia e dialogismo.

Palavras-chave: Estilo; ethos prévio; manejo de personas; heteroglossia; sustentabilidade

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