Resumo

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Aquisição tardia de uma língua e seus efeitos sobre o desenvolvimento cognitivo dos surdos

Júlia Maria Vieira Nader

Orientador(a): Rosana do Carmo Novaes Pinto

Mestrado em Linguística - 2011

Nro. chamada: T/UNICAMP - N125a


Resumo:
O presente trabalho visa refletir sobre a relação entre surdez, linguagem e cognição, tema que interessa a educadores, psicólogos, psicopedagogos e pesquisadores das neurociências. Embora tenha aumentado o número de trabalhos que se dedicam aos aspectos neurológicos e lingüísticos da surdez, estes geralmente limitam-se a comprovar o papel de certas áreas do córtex cerebral no funcionamento da linguagem, como, por exemplo, a especialização motora da área de Broca. Uma discussão importante para a neurolingüística, na qual esta pesquisa se insere, é discutir os efeitos da aquisição tardia de uma língua – focando neste trabalho mais especificamente a aquisição da língua de sinais – para o desenvolvimento cognitivo dos sujeitos surdos. O diagnóstico tardio e, principalmente, a intervenção tardia nos casos de surdez é muito freqüente, especialmente quando se trata de famílias ouvintes (SIGOLO 2007). Após o diagnostico, é comum ainda que haja resistência por parte da família não só para aceitar a condição de surdo da criança, mas também para aceitar a língua de sinais. Assim, o contato tardio com uma língua geralmente se constitui como uma experiência mal-sucedida. Considerando-se a impossibilidade de um desenvolvimento cognitivo pleno de qualquer ser humano como conseqüência da ausência de uma língua (Vygotsky, 1984), questões relacionadas à aquisição tardia merecem especial atenção dos estudos neurolingüísticos e neuropsicológicos. Este trabalho visa discutir a relação entre surdez, linguagem e cognição, tematizando a aquisição tardia da língua de sinais e suas conseqüências para o pleno desenvolvimento cognitivo dos surdos e para sua inserção social. Embora, desde a primeira infância, os surdos estejam inseridos no mundo simbólico da linguagem (constituída pela língua falada pela mãe, pelos gestos e sinais usados), que possibilita o início do desenvolvimento cognitivo, os efeitos da aquisição tardia de uma língua (oral ou de sinais) tornam restritas não só as possibilidades comunicativas da criança em alguns círculos sociais, mas também as possibilidades de aprendizagem de conteúdos (dentre os quais os escolares), veiculados pela língua formal (oral ou de sinais), fundamentais para o desenvolvimento cognitivo. Portanto, a necessidade de políticas lingüísticas que possibilitem aos surdos o contato e a aquisição de uma língua o mais cedo possível se torna imprescindível.

Palavras-chave: Aquisição de linguagem; Surdez; Desenvolvimento cognitivo; Linguagem por sinais

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