Resumo

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Silenciamento de singularidades : o discurso sobre o aluno

Patrícia Nogueira da Silva

Orientador(a): Maria José Rodrigues Faria Coracini

Mestrado em Linguística Aplicada - 2011

Nro. chamada: T/UNICAMP - Si38s


Resumo:
Esta pesquisa de mestrado pretende problematizar as teorias pedagógicas que, em seu discurso, afirmam estar centradas no aluno, enquanto agente do seu processo de aprendizagem. Apesar desta afirmação, apostamos na hipótese de que o foco do ensino está no discurso sobre o aluno. Filiada à psicanálise e à perspectiva discursiva, em especial aos estudos foucaultianos, no que tangenciam a questão da constituição da subjetividade, nos debruçamos sobre a análise de recortes discursivos, selecionados entre as respostas a um questionário e os relatos em entrevista oral de professores das classes de alfabetização da rede pública de ensino de uma cidade do Vale do Paraíba, estado de São Paulo. Esta pesquisa parte do pressuposto de que o sujeito é efeito de linguagem e, portanto, cindido e incompleto. Contudo, esta não é a noção de sujeito que norteia o trabalho realizado dentro da área da educação. As formulações dos professores, participantes desta pesquisa, são determinadas pela concepção logocêntrica que considera o sujeito inteiro e centrado, gestor de suas ações e de seu dizer. Em vista disso, o processo de ensino-aprendizagem é tido, por estes professores, como consciente e controlável, no qual priorizam a discussão do “como” ensinar e a avaliação de sua atuação por si mesmo e pelo outro, deixando rastros das relações de poder-saber que permeiam a trama discursiva no contexto escolar. Independentemente das “inovações” teóricas e metodológicas no campo da aprendizagem, o que escapa no/do dizer destes professores aponta para as representações de aluno passivo e esvaziado de saber, sendo nomeado, muitas vezes, em função disso, como “caso” a ser encaminhado aos serviços especializados da área da saúde. Partindo do corpus desta pesquisa, podemos depreender que a escola é uma instituição que constrói verdades sobre os sujeitos pela via do olhar vigilante sobre o outro e sobre si mesmo, pelo saber clínico que se impõe no campo pedagógico e pela nomeação dos alunos segundo diagnósticos atribuídos, o que justifica o aumento da demanda pelo encaminhamento aos serviços especializados da área da saúde e transforma as questões escolares em “doenças” a serem tratadas. Estas verdades construídas e disseminadas no contexto escolar indiciam o atravessamento de discursos outros, do saber clínico e da medicalização da subjetividade ao discurso capitalista e mercadológico, tramas discursivas que circunscrevem o laço social na contemporaneidade. Esta imbricação de discursividades engendra, como efeito, um processo de ensino-aprendizagem centrado no discurso sobre o aluno e em seu funcionamento enquanto silenciador das singularidades que povoam as salas de aula.

Palavras-chave: Subjetividade. Discurso. Professores e alunos.

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