Resumo: Esta dissertação descreve os contextos de formação de estruturas de tópico, foco e adjuntos prepostos no português clássico. Investigamos o comportamento linguístico de autores portugueses nascidos entre os séculos 16 e 19. O resultado de nossa investigação define uma gramática com propriedades V2 licenciando formas diferentes desse fenômeno. O resultado alcançado também revela que a posição de realização dos clíticos nessas sentenças é fortemente correlacionada com a posição em CP ocupada pelo sintagma topicalizado. Considerando os efeitos-V2 que emergem na formação dessas construções, assumimos o português clássico como uma gramática-V2, com propriedades similares ao português antigo. Como hipótese de trabalho, propomos que o verbo finito se move para o núcleo Fin nas sentenças principais e subordinadas, licenciadas nessa gramática. Por outro lado, a pesquisa mostra que ocorre mudanças na frequência de uso e configurações estruturais dessas sentenças V2 no português a partir do século 18. Assumimos que as mudanças estruturais são desencadeadas por uma nova gramática em uso na língua a partir do século 18. O resultado alcançado na pesquisa permite-nos apresentar os fatores que desencadeiam a mudança gramatical no português nesse período histórico. Apresentamos, nesta dissertação, análises para justificar a ausência de efeitos de localidade na formação de estruturas de tópico, foco e advérbios prepostos em contextos de sentenças de ordens V3/V4. As análises propostas estão ancoradas no Projeto Cartográfico de Rizzi.

Palavras-chave: Língua portuguesa - Português europeu - Séc. XVI-XVII, Verbo em segunda posição, Inversão sujeito-verbo, Topicalização (Linguística), Focalização (Linguística)