Resumo: A dissertação de mestrado compara as obras de Afonso Henriques de Lima Barreto (1881 - 1922) e de Cyro dos Anjos (1906 - 1994) a partir da ótica do funcionário público, analisando a distância entre o tipo ideal burocrático de Max Weber (1864 - 1920), a administração pública brasileira e os personagens e situações que aparecem na obra dos dois autores, e procurando entender de que forma o patrimonialismo dominante no período é retratado por eles, bem como as razões da dificuldade de romper com ele. O texto tem como focos principais de estudo os romances O Amanuense Belmiro (1937) e Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá (1919), mas também se volta para Coisas do Reino do Jambon e Os Bruzundangas, de Lima Barreto, publicadas postumamente em 1953 e 1923, respectivamente, e para A Menina do Sobrado (1979), de Cyro dos Anjos. A pesquisa partiu do pressuposto de que as obras literárias constituíam um ponto de partida pertinente para a compreensão da época em que foram escritas; no decorrer da análise, constatou que o inverso também era verdadeiro: a questão do funcionário público mostrou-se uma chave interpretativa que não se fecha em si mesma, permitindo entender os dois romances que protagonizam este estudo de forma mais ampla.
Palavras-chave: Anjos, Cyro dos 1906-1994. Lima, Barreto 1881-1922. Servidores públicos. Patrimonialismo.