Resumo

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A subida de clíticos em português: um estudo sobre a variedade europeia dos séculos XVI a XX

Aroldo Leal de Andrade

Orientador(a): Charlotte Marie Chambelland Galves

Doutorado em Linguística - 2010

Nro. chamada: T/UNICAMP - An24s


Resumo:
A tese aborda a ocorrência da subida de clíticos na história do português europeu dos séculos XVI ao XX, aliada a uma caracterização formal condizente com os dados observados. O fenômeno consiste na manifestação de um clítico pronominal dependente de um predicado não-finito junto a um verbo regente, normalmente finito, em contexto de predicado complexo. Adota-se a separação entre os conceitos de posição e de colocação de clítico, o primeiro resultante da sintaxe, e o segundo manipulado pela morfologia. Para a descrição do fenômeno, mais de 4.000 dados obtidos em corpora do português europeu moderno e do português clássico foram separados em termos de duas construções com características sintático-semânticas distintas: a “reestruturação” e a “união de orações”,
uma em que o verbo regente é auxiliar ou semi-auxiliar, outra, um predicado causativo. Defendemos que o complemento infinitivo apresenta um caráter defectivo em ambos os tipos de predicados complexos, pois só tem a projeção da categoria vP, sendo portanto transparente para sofrer a operação de concordância com traços não-interpretáveis em categorias funcionais do domínio superior da sentença, de acordo com os pressupostos
do programa minimalista. Crucialmente, a “reestruturação” se manifesta mediante a presença de um traço opcionalmente associado a uma categoria da camada flexional cujo efeito semântico é de pressuposição do referente do clítico, não obstante o valor intensional do domínio infinitivo ao qual o pronominal está vinculado. Tal caracterização formal é compatível com os resultados da pesquisa sobre a variação na ocorrência da subida, que
recebem uma abordagem unificada a partir da conexão da subida de clíticos com a estrutura informacional. A partir da análise de dados de diferentes épocas do português, nota-se que o clítico alçado retoma um elemento saliente no discurso, e assume a função de tópico secundário na sentença. Além disso, postula-se que a alteração no padrão de marcação do fenômeno é um reflexo da forma como a sintaxe organiza a informação. Portanto, a não-marcação da subida no português clássico até o século XVII é um reflexo do alto uso de tópicos marcados sintaticamente, aliado ao alto uso de sujeitos nulos, utilizados como estratégia para efetivar a continuidade de tópicos discursivos. A mudança para um padrão
não-marcado do fenômeno se manifesta primeiramente de forma gradual a partir do século XVI devido à instabilidade no uso de construções informacionalmente marcadas, expressas sintaticamente em termos do movimento para uma posição de proeminência no início da sentença. A essa alteração no uso é atribuído um papel na alteração dos dados linguísticos
primários, que gera a mudança sintática em torno do ano 1700, identificada como a perda do parâmetro V2.


Palavras-chave: Lingua portuguesa - Cliticos; Predicados complexos; Mudanças linguísticas; Lingua portuguesa - Europa; Marcação (Linguistica)

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