Resumo: Este trabalho contempla a história do livro para crianças no Brasil e na França entre as décadas de vinte e quarenta e a sua estreita relação com o movimento renovador da educação em ambos os países; concentra-se no estudo das obras do brasileiro Monteiro Lobato (1882-1948) e do francês Paul Faucher (1898-1967), criador dos famosos álbuns do Père Castor. Amigos de importantes educadores do movimento da Escola Nova, Lobato e Faucher empreenderam experiências pioneiras na produção de livros para crianças. No trabalho de ambos, percebe-se uma semelhança fundamental: a existência de um projeto pedagógico subjacente ao projeto editorial. Mais do que comparar pontos em comum ou distintos na obra desses dois promotores de leitura, o objetivo principal, ao compará-los, é iluminar aspectos que engendram essas semelhanças e diferenças; é compreender que razões em jogo as condicionam dentro do contexto de produção, circulação e recepção dessas obras. Nesta tese, procurou-se discutir que tipo de leitura Lobato e Faucher fizeram da Escola Nova; como a adesão deles ao ideário do movimento escolanovista resulta em livros; que tipo de investimento cada um fez e o que resultou dessas escolhas: semelhanças? Diferenças? Com este fim, a pesquisa debruçou-se não apenas sobre livros, mas também sobre cartas pessoais, periódicos, fichas de edição, relatórios de vendas, prospectos de congressos, e toda sorte de impressos que documentam as atividades e as relações estabelecidas entre escritores, editores, artistas plásticos, intelectuais, políticos, pedagogos e educadores. As conclusões a que se chegou apontam para uma semelhança nos mecanismos de funcionamento do sistema literário no Brasil e na França dos anos 20, 30 e 40; semelhantes concepções de infância e educação em Lobato e Faucher, no entanto, diferentes métodos na realização dos projetos editoriais e literários que deram origem aos seus livros.
Palavras-chave: Escola nova; Livros - História; Livros e leituras para crianças