Resumo

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Alfabetizar letrando em português como língua estrangeira : as estórias não contadas por um grupo de crianças coreanas

Noemia Fumi Sakaguchi

Orientador(a): Raquel Salek Fiad

Mestrado em Linguística Aplicada - 2010

Nro. chamada: T/UNICAMP - Sa29a


Resumo:
No presente trabalho, apresentamos o processo de alfabetizar letrando (v. SOARES, 2006) um grupo de crianças coreanas (entre 7 e 10 anos) que frequentaram nossas aulas de apoio de Língua Portuguesa (doravante LP) no transcorrer do ano letivo de 2007. A Alfabetização em Português como Segunda Língua é um tema que vem sendo negligenciado tanto no meio acadêmico quanto no meio escolar. Crianças estrangeiras usuárias de alfabeto não-latino são forçadas a recorrer a aulas particulares com professores que, sem alternativas no mercado, utilizam o tradicional “método da cartilha”. O uso exclusivo do método transformou essas crianças em “copiadores”, ou seja, somente faziam cópias passivas sem atribuir significado à escrita, concebida como um gesto puramente mecânico. Enquanto isso, as habilidades básicas de comunicação interpessoal evoluíam lentamente – dadas as limitadas fontes de insumo compreendido e de interação negociada –, e se debatiam para lidar com o conteúdo abstrato das disciplinas escolares. A somatória de todos esses fatores somente reforçava o sentimento de prostração dos alunos. Visamos modificar este quadro através de um longo processo “terapêutico”, permitindo que as crianças criassem uma relação legítima com a escrita em LP, transformando-os em sujeitos que refletissem e atuassem sobre o objeto linguístico, capazes de atribuir uma função social à leitura/escrita. Para abarcar toda a complexidade que envolve o contexto bilíngue, o estudo foi norteado pela perspectiva do Modelo dos Contínuos de Biletramento de Hornberger (HORNBERGER, SKILTON-SYLVESTER, 2000; HORNBERGER, 2002, 2003, 2004), e contou com a contribuição de diversos campos de estudo: Aquisição da Escrita em Língua Materna (ABAURRE, 1986, 1987, 1988; ABAURRE, CAGLIARI, 1985; ABAURRE, FIAD, MAYRINK-SABINSON, 1997, 2003; CAGLIARI, 1998, 2000, 2007; DE LEMOS, 1983; FERREIRO, 1978; FERREIRO, TEBEROSKY, 1985; SILVA, 1989, entre outros), Aquisição de Segunda Língua (CORDER,
1981, 1992; GASS, SELINKER, 1994, entre outros) e Educação Bilíngue (CUMMINS, 1984, 1986, 2003; CUMMINS, SWAIN, 1986; HORNBERGER, SKILTON-SYLVESTER, op.cit.; HORNBERGER, op.cit.; MAHER, 1998, 2007a, 2007b; SKUTNABB-KANGAS, 1981, entre outros). Com tantas variáveis em jogo, os dados gerados precisavam ser constantemente revisados e analisados, de modo a determinar o encaminhamento do estudo e a elaboração das práticas de letramento propostas. Destarte, adotamos como metodologia de pesquisa o estudo de caso, mais precisamente, a pesquisa ação (v. STENHOUSE, 1983). A riqueza dos textos espontâneos (ABAURRE, 1987, 1988; SILVA, 1989) está na possibilidade de escolha individual dos alunos, na chance de manifestarem suas hipóteses sobre a língua-alvo, de manipularem a escrita no novo alfabeto, de se libertarem dos modelos prontos, e, principalmente, no resgate de sua dignidade, ora através da exploração de seu conhecimento linguístico e de mundo, ora através da possibilidade de atuar sobre o interlocutor utilizando tais conhecimentos, atribuindo um valor social à escrita em LP




Palavras-chave: Alfabetização; Aquisição da escrita; Educação bilingue; Lingua estrangeira

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