Resumo: A produção audiovisual contemporânea inscreve-se em condições de produção fronteiriças. A materialidade singular (uma materialidade que desfaz a dicotomia verbal-não-verbal) da qual é constituído o vídeo contemporâneo não se deixa aprisionar por análises rígidas e apriorísticas, não há territórios demarcados, nem tão pouco, fronteiras definidas. Categorizar determinadas produções não especializa o gesto de interpretação, por isso, dificilmente, as teorias estabilizadas dão conta de compreender o funcionamento e os deslizamentos de sentido. O dispositivo teórico-analítico da AD especializa a compreensão da Tecedura e Tessitura de uma produção audiovisual e rompe epistemologicamente com a rigidez metodológica e a redução estilística. Tessitura e Tecedura, nesta pesquisa, são formulações tomadas como funcionamento da ordem da estrutura e do acontecimento do/no corpus de análise, permitindo um deslocamento teórico-analítico das noções de Poiésis e Estesia inscritas no artístico e, das noções de Inter e Intradiscurso inscritas na AD. Desta forma, a perspectiva discursiva na leitura/interpretação de imagens e/ou produção artística é capaz de dar conta produtivamente da compreensão das condições de produção e deslocamentos de sentidos presentes em materialidades contemporâneas como vídeo. Nosso corpus de pesquisa e análise refere-se a materiais audiovisuais inscritos ou circunscritos pelo Discurso Artístico em seu jogo de polissemia/policromia.
Palavras-chave: Audiovisual; Memória; Imagem